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Aeronáutica ainda analisa substitutos para Mirages

Por Agencia Estado
Atualização:

Foi adiado em pelo menos mais um mês o anúncio do resultado da concorrência internacional que vai decidir qual avião será escolhido para integrar a frota da Força Aérea Brasileira (FAB) em substituição aos atuais Mirages. O comandante da Aeronáutica, brigadeiro Carlos de Almeida Baptista, disse, nesta terça-feira, depois de se reunir com os parlamentares da Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, que um novo relatório será preparado pelos militares. Mais uma rodada de conversas com as cinco concorrentes será realizada a partir desta quarta, para que cada uma explique e exponha, detalhadamente, em suas propostas escritas, como será feita a transferência de tecnologia e que tipo de compensação econômica ou industrial, exigida das empresas pelo edital, será dada. ?Quero que as propostas fiquem mais claras porque as pessoas que vão analisar os dados não são técnicos e precisam entender exatamente o que nos está sendo oferecido?, declarou o brigadeiro Baptista, se referindo aos integrantes do Conselho de Defesa Nacional, que será convocado pelo presidente Fernando Henrique Cardoso para apontar o resultado da concorrência. Segundo o brigadeiro, ?não adianta a empresa afirmar que dá ou não dá para fazer uma determinada coisa, tem de escrever?. Baptista assegurou ainda que a pressão das empresas ?não tem nenhuma influência para a Aeronáutica, pois a decisão da força é técnica.? O presidente da Comissão, deputado Aldo Rebelo (PC do B-SP), afirmou estar satisfeito com as informações recebidas. ?O nosso interesse é fortalecer e prestigiar a comissão da FAB, mesmo que depois possamos não concordar com o resultado do relatório final?, declarou Rebelo, acrescentando ter certeza de que os oficiais da Aeronáutica são os únicos que podem fazer uma avaliação isenta neste processo. Rebelo comentou ainda que o brigadeiro confirmou que em ?em regra? os pilotos ?encontraram distorções entre o que as fábricas oferecem e está escrito nos manuais dos aviões e o que os pilotos e mecânicos verificaram nos testes em vôo?, embora sem revelar detalhes. O deputado informou também que a Aeronáutica garantiu não ser de sua alçada a definição sobre o interesse geopolítico do Brasil em relação ao parceiro a ser escolhido para fabricar o caça brasileiro e nem mesmo que tipo de compensação é mais importante para o País: se a direta - com investimentos na FAB, se a indireta ? com investimentos na indústria aeronáutica em geral, ou se a não relacionada ? que é o caso de a compensação ser feita com investimentos em outros setores ou compra de outro tipo de produto. O comandante da Aeronáutica evitou entrar em detalhes sobre as informações que constavam do primeiro relatório, mas garantiu que, com certeza, com os US$ 700 milhões de que a FAB dispõe, não será possível comprar os 24 aviões que inicialmente pretendiam. Informações extra-oficiais dão conta de que todas as propostas extrapolaram os recursos disponíveis pela força para comprar o número mínimo de aviões (12). Mas o brigadeiro, esquivando-se de dar explicações, afirmou que, se por acaso isso acontecer, esta terá de ser uma decisão a ser tomada pelo Conselho, que não é técnico, mas político. ?Se a nossa opinião não bater com a opinião do presidente e do conselho de defesa, nós podemos rever os estudos?, resignou-se o brigadeiro. ?O que é precisa ficar claro é que queremos o que seja o melhor para o País?, assegurou ele, lembrando que há pontuações para cada item a ser analisado. A necessidade de novo detalhamento do relatório foi detectada depois de uma reunião reservada no Planalto, na quarta-feira da semana passada, quando houve uma primeira avaliação dos estudos realizados pela comissão de oficiais da Aeronáutica.

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