Aécio descarta deixar presidência do PSDB se for disputar prévia

Senador e presidente nacional do partido afirma que não deixará presidência da sigla se houver disputa interna por candidatura nas eleições presidenciais em 2014

PUBLICIDADE

Foto do author Pedro  Venceslau
Por Pedro Venceslau e e João Domingos
Atualização:

BARRETOS (SP) - O senador Aécio Neves (MG) afirmou neste sábado, 24, que não vai deixar o comando nacional do PSDB se o partido promover prévias para definir o candidato tucano à Presidência da República em 2014. O mineiro é o nome com maior apoio na cúpula da sigla para a corrida ao Planalto, mas o ex-governador José Serra (SP) disse cogitar a hipótese de disputar a indicação.

PUBLICIDADE

“Fui eleito. Não costumo renunciar aos cargos que ocupo”, disse Aécio ao Estado em Barretos (SP). Em março de 2010, o tucano deixou o governo de Minas para se candidatar ao Senado. Na quarta-feira, 21, em Brasília, Serra disse aos jornalistas que aceitaria participar de prévias, desde que todos os pré-candidatos conheçam as regras e disputem em igualdade de condições.

A viagem de Aécio ao interior paulista – na sexta-feira, ele passou por Ribeirão Preto – foi a primeira etapa de um giro que o senador fará pelo Brasil para consolidar seu nome como candidato ao Planalto. Prefeitos tucanos, deputados estaduais e federais e integrantes do governo Geraldo Alckmin, como o secretário José Aníbal (Energia), acompanharam o mineiro.

A ausência mais sentida foi a do próprio Alckmin. O governador era esperado pela comitiva, mas decidiu não encontrar o senador para não “melindrar” Serra, segundo pessoas próximas. Aécio minimizou a ausência do governador, alegando que “não tinha previsão” sobre a companhia de Alckmin.

No périplo por Barretos, Aécio aproveitou para criticar o governo federal e disse ser “natural” a recuperação da avaliação da gestão Dilma mostrada neste sábado pela pesquisa Ibope/Estado. Ao visitar o Hospital Infantojuvenil Luiz Inácio Lula da Silva, vinculado ao Hospital do Câncer de Barretos, o senador disse que o programa Mais Médicos seria “tapar o sol com a peneira”.

Massas. Enquanto Aécio roda o interior de São Paulo, Serra tenta neutralizar o apoio que o senador tem na cúpula do PSDB recorrendo à militância do partido. Escolhido candidato a presidente da República, a governador e a prefeito mais de uma vez em acordos realizados no primeiro escalão do tucanato, o ex-governador agora aposta no que seus aliados chamam de “massa” de filiados para eventuais prévias da sigla.

A estratégia que Serra tem explicado a seus apoiadores é mobilizar os filiados de Estados-chave, como São Paulo, para constranger a cúpula partidária mais próxima de Aécio na direção nacional e nos demais diretórios estaduais. Para o ex-governador, esse seria o caminho para reverter o favoritismo do senador, já lançado como nome do PSDB ao Planalto pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Publicidade

Esse caminho, porém, tem percalços, e não são poucos. Primeiro, a cúpula do PSDB não está disposta a resolver de forma emergencial a bagunça que é o cadastro de militantes. Embora sejam registrados mais de 1,3 milhão, não se sabe ao certo quantos são os filiados de fato.

Em segundo lugar, a direção do PSDB considera que a realização de prévias é um problema interno do partido, que não deve consumir energias no momento em que a legenda tenta conquistar novos filiados a tempo de tornar vários deles candidatos nas eleições de 2014.

Depois de ter dito na terça-feira, 20, que aceita as prévias pedidas por Serra, na condição de que só sejam feitas depois de outubro, Aécio orientou aos dirigentes estaduais a “tocar a vida”.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.