Aécio critica força 'exagerada' do PMDB no governo Lula

Em visita ao Recife, governador defende aliança com alas do partido comprometidas com 'novo projeto'

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Por Angela Lacerda
Atualização:

Em visita ao Recife nesta sexta-feira, 14, o governador de Minas Gerais, Aécio Neves (PSDB), criticou a presença "exagerada" do PMDB no governo federal, mas disse que não fará uma campanha anti-Lula caso seja o escolhido do PSDB para concorrer à sucessão. Sem descartar alianças numa eventual administração do PSDB, o pré-candidato lembrou que, embora imprescindível para a governabilidade, o PMDB não governa sozinho.

 

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"É muito difícil governar sem o PMDB, mas é exagerada a presença do dele hoje. Da mesma forma que não se pode governar sem eles, não são apenas eles que governam o País", disse Aécio em coletiva de imprensa após um almoçou com políticos do PSDB, PPS, PV e DEM. O PMDB também esteve representado no encontro pelo deputado Raul Henry, ligado ao senador Jarbas Vasconcelos.

 

Apesar das críticas, Aécio não descartou uma eventual aliança em 2010, e lembrou que "uma parcela do PMDB se disporia a participar conosco desse novo projeto". Sob a perspectiva do PMDB apoiar outro partido nas eleições de 2010, o governador mineiro disse acreditar que, mesmo sem conquistar o apoio do partido durante as eleições, é possível costurar alianças após o pleito.

 

Ao ser questionado se considera possível governar sem virar refém do PMDB, Aécio elogiou alguns quadros do partido. "Quando se assume com autoridade e apoio popular, é possível buscar no PMDB quadros qualificados, que existem. O que não se pode é submeter o seu governo a uma ditadura de qualquer partido, qualquer que seja ele", afirmou.

 

Presente na visita de Aécio, o senador Sérgio Guerra (PE), presidente nacional do PSDB, deixou mais clara a importância do PMDB na governabilidade do País: para o líder dos tucanos, não se governa o Brasil sem o PMDB, que tem mais de mil prefeitos, nove governadores e 89 deputados federais.

 

Guerra também negou que os embates travados no Senado sejam uma briga entre PSDB e PMDB - o que poderia ter repercussão negativa para uma candidatura tucana. "A questão é do Senado, não é de um partido ou de outro", afirmou. O problema, segundo ele, "é um quadro de atraso que permanece lá no Senado".

 

Como um dos pré-candidatos à Presidência da República, Aécio se posicionou sobre a provável candidatura de Marina Silva, pelo PV, ao cargo. Ao seu ver, a ex-ministra do Meio-Ambiente vai elevar o nível do debate e obrigar os outros candidatos a priorizarem a questão ambiental e a sustentabilidade econômica.

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A candidatura de Marina Silva, segundo o governador de Minas Gerais, deve preocupar muito mais o núcleo do governo - que ela critica - do que a oposição. Ele também considera positivo a presença de mulheres na disputa presidencial, mas é de opinião que a decisão do eleitor não se dará pelo gênero.

 

Aécio, que junto com o governador de São Paulo, José Serra, é pré-candidato tucano à presidência, assumiu o caráter político da viagem, e informou que as despesas foram pagas pelo seu partido. Ele voltou a defender a realização de prévias no PSDB, mas garantiu que o partido se manterá unido, independentemente de quem seja o candidato.

 

Na agenda cumprida em Pernambuco, Aécio Neves almoçou com políticos do PMDB - representado pelo deputado federal Raul Henry, ligado ao senador Jarbas Vasconcelos - DEM, PPS e PV. O deputado federal Fernando Gabeira (PV), que estava no Recife para um outro compromisso, encontrou-se com Aécio durante o almoço, que reuniu cerca de 50 pessoas. Os tucanos apoiam a candidatura de Gabeira ao governo do Rio, que em contrapartida, apoiaria o candidato a presidente do PSDB. Com a provável entrada de Marina no páreo presidencial, o deputado disse que apoiará a senadora.

 

Na próxima semana o governador mineiro estará no Ceará, Sergipe e Bahia e em seguida visita Estados da Amazônia. Ele fez questão de mostrar familiaridade com o Nordeste - região em que o presidente Lula tem grande apoio popular - e sua problemática, uma vez que Minas tem uma parte de região semi-árida que inclui o Vale do Jequitinhonha.

 

Criticas ao governo Lula

 

Aécio aproveitou também para alfinetar o atual governo, acusando a administração petista de nomear funcionários não por mérito e competência, mas sim por questões pessoais como amizade.

 

"O governo não deve ser ocupado pela companheirada. É preciso qualificação na vida pública. É preciso indicar pessoas qualificadas. Com meta de desempenho para servidores e meta de desempenho para ministros", afirmou Aécio Neves.

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Iniciando a apresentar sua plataforma de governo, o tucano disse defender aumentos salariais na função pública não por tempo de serviço, mas sim por cumprimento de metas anteriormente definidas.

 

Finalizando, o pré-candidato do PSDB à presidência voltou a criticar a administração de Lula: "Em Minas, existiam 23 secretarias e meu governo reduziu para 15. O governo Lula tem 39 ministérios, muitos dos quais só para acomodação dos aliados e companheiros do partido."

 

 

 

 

 

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