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Aécio assume PSDB e ataca fragilidades do governo Dilma

'Nunca se viu um nível tão ousado de aparelhamento e compadrio; este é um governo dos amigos, com os amigos, para os amigos e pelos amigos', acusou

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Por Laís Alegretti , Débora Alvares e Daiene Cardoso
Atualização:

Em um discurso de ataque à administração da presidente Dilma Rousseff e ao PT, o senador Aécio Neves (MG) assumiu neste sábado, 18, em convenção em Brasília, a presidência nacional do PSDB. Ao lado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, do governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, e do ex-governador José Serra, Aécio fez um discurso de candidato e atacou as fragilidades do governo Dilma Rousseff, como a falta de infraestrutura, a volta da inflação, dos problemas da educação, saúde e segurança.

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"O PT disse na propaganda que eles deram os primeiros passos, mas os primeiros passos foram dados ainda antes de nós, com a retomada da democracia, a retomada da estabilidade econômica e depois o início da transferência de renda. Tudo isso com a participação do PSDB", afirmou.

Aclamado pela militância como "futuro presidente da República", Aécio disse buscar inspiração nos legados de seu avô Tancredo Neves e de tucanos como Mário Covas e Fernando Henrique e Ruth Cardoso no momento em que se completa 20 anos da "maior transformação da história recente do País": o Plano Real. O tucano aproveitou para defender o governo de Fernando Henrique, atacou a usurpação de ideias do PSDB, como a estabilidade econômica e os programas de transferência de renda.

O tucano acusou os adversários de se esqueceram sua história, de se dedicarem a um projeto de poder. "Não queremos a hegemonia do que quer que seja", afirmou. Ele criticou sua relação com a base aliada, dando como exemplo o recente embate entre o Planalto e os aliados na Câmara dos Deputados. "Para que uma base paquidérmica? Para não fazer nada?". Aécio também atacou a relação do governo com o Supremo Tribunal Federal. "Nossos adversários veem atentando contra a democracia, querendo colocar o garrote no Supremo, cercear a imprensa e inibir a livre movimentação das forças partidárias". Aécio também defendeu a realização de reformas que o atual governo não fez.

Não faltaram críticas também à política de alianças do atual governo. "Nunca se viu antes na história do País um nível tão ousado de

aparelhamento e compadrio. Este é um governo dos amigos, com os amigos, para os amigos e pelos amigos", acusou. Aécio listou as obras inacabadas do governo. Sobre a Petrobras, Aécio apontou a má gestão, "a maior vítima do aparelhamento das empresas públicas empreendido pelo PT".

Relacionando o partido ao governo que atacou a hiperinflação, que criou a Lei de Responsabilidade Fiscal e que os primeiros programas de transferência de renda do governo federal, Aécio afagou seu rival José Serra e destacou seu trabalho à frente do Ministério da Saúde. O novo líder da sigla também defendeu as privatizações do governo FHC. "Garantimos a abertura da economia, com as privatizações. E abrimos as portas do mercado de consumo a milhões de brasileiros", afirmou.

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Em seu discurso, Aécio também focou "nos mais pobres". "Queremos que o cartão do Bolsa Família seja um passaporte para o futuro, não um documento aprisionado ao presente", atacou. "Está na hora de mudar o slogan do governo que diz: 'País rico é país sem pobreza'.O correto seria: 'País rico é país com educação'", emendou. Ele cobrou educação e Saúde de qualidade. Aécio também criticou a atuação do governo Dilma na área da segurança pública. "Chega de remendos, de improvisos, de omissões", afirmou.

União. Durante o evento, que teve o tom de lançamento de campanha presidencial, os tucanos falaram em esgotamento do projeto atual do PT, defenderam a ética na política e pregaram a união do partido em torno de Aécio. "A união é fundamental. Nosso grupo tem que se unir e propor", afirmou o prefeito de Manaus, Arthur Virgílio. O discurso foi seguido pelo governador de Goiás, Marconi Perillo. "Vamos provar para o Brasil que somos capazes, que somos competentes, que temos espírito publico, que sabemos administrar o dinheiro público com parcimônia", defendeu o tucano, que chamou, em várias ocasiões, o ex-presidente petista Luiz Inácio Lula da Silva de "canalha".

O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, que discursou por mais de 20 minutos e acompanhou o evento ao lado de Aécio, pediu que o PSDB esteja mais próximo da população. "Temos de ouvir o País", recomendou.

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O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sinalizou que os tucanos paulistas apoiarão o mineiro na sucessão presidencial de 2014. Em tom de brincadeira, Alckmin disse que em São Paulo ele (Alckmin) é "acusado de ser o paulista mais mineiro" do Estado e que Aécio é "injustamente" atacado por ser o mineiro "mais carioca". "Se precisar, ele (Aécio) vai ser o mais paulista dos mineiros", afirmou.

O ex-governador de São Paulo José Serra, que chegou na convenção do partido 10 minutos após Aécio, discursou por quase 15 minutos e disse que nunca colocou a paixão à frente da razão em suas decisões políticas. "Com os olhos em 2014 e no futuro do Brasil, continuarei a atuar em favor da unidade das oposições e de quantos entendam que é chegada a hora de dar um basta à incompetência orgulhosa", disparou o tucano, que focou sua fala em críticas ao PT. "O PT se mostrou incapaz de construir uma economia que possa crescer de maneira sustentável. Ao final do decênio petista, a realidade é o baixo investimento, as obras cada vez mais lentas e cada vez mais caras. O déficit externo crescente, a subida da inflação, a responsabilidade fiscal em risco, a deterioração da infraestrutura, a perda de competitividade e a desindustrialização", observou. Ele afirmou também que "a pior privatização que poderia ocorrer é a privatização do Estado" e defendeu a "reestatização do Estado brasileiro. " Vamos buscar convergência, não apenas no PSDB, mas com todos que estejam dispostos a marchar pela decência, liberdade, justiça."

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