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Advogados fazem a ponte com José Dirceu

?Depois de ser acusado de tudo, na CPI, resolvi fazer o que deve ser feito?, afirmou Nilton

Por BRASÍLIA
Atualização:

A suspeita de que José Dirceu esteja por trás dos movimentos de Nilton Monteiro está baseada em encontros recentes do ex-ministro petista com a turma do lobista mineiro. No último dia 26 de março, Dirceu encontrou-se em Belo Horizonte com o advogado William dos Santos, fiel escudeiro de Nilton. O encontro se deu no hotel Mercure, no bairro de Lourdes, após uma reunião de Dirceu com lideranças do PT mineiro. "Na conversa, ele (Dirceu) falou que o Hélio Madalena iria me procurar", disse William ao Estado, em conversa gravada. Semanas antes do encontro em Belo Horizonte, Dirceu recebeu William em São Paulo. William também diz ter tratado do assunto com Madalena, conforme orientação do ex-ministro. Hélio Madalena, ex-assessor de Dirceu na Casa Civil, é homem de extrema confiança do ex-ministro. É a Madalena que Dirceu delega tarefas mais sensíveis. Na investigação da PF sobre o magnata russo Boris Berezovski, por exemplo, Madalena acabou caindo no grampo - apareceu como um dos artífices da articulação montada por Dirceu para convencer o Planalto a dar asilo a Berezovski, às voltas com a Justiça de Moscou. Procurado pela reportagem, Dirceu não quis dar entrevista. Por meio de sua assessoria, ele confirmou os encontros com o advogado de Nilton Monteiro, mas negou participação na operação-dossiê "lista de Furnas". Hélio Madalena também negou envolvimento com o assunto. OUTRAS VIAGENS A visita de quinta-feira a Brasília não foi a única passagem recente do lobista pela capital. Em 18 de março, ele aterrissou na cidade para deixar outro papel, que também seria um "recibo". O documento, em nada inédito - o mesmo Nilton já havia tornado público esse papel -, relaciona supostas doações do caixa dois de Furnas a políticos do Espírito Santo, nas eleições de 2002. No suposto "recibo" também há referência a José Serra - uma mostra de que o tucano, pré-candidato ao Planalto, é o alvo preferencial das denúncias arquitetadas por Nilton e seus "parceiros". Diz que uma parte das doações, R$ 1,05 milhão, teria sido destinada à campanha de Serra a presidente, na chapa com a deputada capixaba Rita Camata de vice. O documento foi remetido ao procurador-geral da República, Antonio Fernando de Souza. Ao Estado, quando já se preparava para voltar para Belo Horizonte, na quinta-feira, Nilton disse que não teme ser acusado novamente de falsário.''Os documentos me foram entregues pelo Dimas Toledo. Eu entreguei ao Ministério Público os originais, que podem ser periciados." O lobista negou que esteja sendo pago pelo PT, mas admitiu que nas duas vezes que esteve em Brasília teve suas passagens aéreas pagas por um político do PT mineiro, cujo nome não quis revelar. "Depois que eu fui acusado de tudo, na época da CPI, resolvi tomar providências e fazer o que deve ser feito." Nilton afirmou não ter "relação nenhuma" com Dirceu. "O Zé Dirceu tem a vida dele pra lá." Sobre a visita ao gabinete da senadora Ideli Salvatti (PT-SC), afirmou: "Tenho simpatia por ela".

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