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Advogado diz que assessor de Dantas foi alvo de cilada

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Por Carolina Ruhman
Atualização:

Renato de Morais, advogado de Humberto José da Rocha Braz, que foi preso na Operação Satiagraha da Polícia Federal sob acusação de tentativa de suborno, afirmou hoje que seu cliente foi alvo de uma cilada. Assessor do sócio-fundador do Grupo Opportunity, Daniel Dantas, Braz participou do encontro com o lobista Hugo Chicaroni e o delegado da PF Vitor Hugo Rodrigues Alves, no qual, segundo as investigações, houve a tentativa de suborno - o delegado foi ao encontro a serviço da PF, para que fosse gravado o diálogo. O advogado negou que Braz tenha participado de algum tipo de vantagem ou feito promessa financeira a qualquer autoridade pública. "O pouco que se consegue entender (do áudio da gravação) é que foi uma conversa amena sobre assuntos dos mais variados", disse o advogado, em entrevista concedida após o término do interrogatório de seu cliente na 6ª Vara Criminal da Justiça Federal, hoje na capital paulista. Morais disse que "houve uma provocação da autoridade policial para que aquele encontro num restaurante (onde houve a suposta tentativa de suborno) se realizasse e a conversa fosse gravada". Ele explicou que a tal provocação partiu da autoridade que presidia o inquérito (na ocasião, o delegado Protógenes Queiroz), que colocou um de seus auxiliares para se passar pelo responsável da investigação. A gravação dessa conversa, com a suposta tentativa de suborno de US$ 1 milhão ao delegado Vitor Hugo, para que o nome de Dantas e de seus familiares fossem excluídos do inquérito da Satiagraha, serviu de base para a denúncia contra Dantas, Braz e Chicaroni. Morais sustentou que "a provocação da autoridade policial é que levou a essa situação" e negou que houvesse a tentativa de suborno. O advogado disse ainda que o contato de Braz com Chicaroni ocorreu apenas depois que seu cliente, ex-presidente da Brasil Telecom, descobriu que havia sido vítima de uma campana. Morais disse que a campana teria sido feita por membros da Agência Brasileira de Inteligência (Abin). Medo de seqüestro Com medo de que fosse um seqüestro, Braz pediu que seus advogados localizassem alguém que prestasse serviços à Abin e, dessa forma, chegou a Chicaroni. Apesar da afirmação, Morais disse que desconhece o tipo de serviço que Chicaroni poderia prestar à Abin: "A única notícia que eu tenho é que Chicaroni prestaria serviços para a Abin formalmente, um serviço terceirizado e lícito." No interrogatório de hoje, Humberto Braz exerceu o direito de permanecer em silêncio. O advogado afirmou que essa postura se deveu ao fato de o juiz ter indeferido o requerimento de transcrição do áudio da conversa do suposto suborno. A transcrição da conversa é vista pela defesa como "peça fundamental" neste processo, sob a alegação de que o áudio apresentado tem uma qualidade muito ruim. "A qualidade do áudio é péssima, você não consegue identificar os locutores ou os diálogos relatados pela autoridade policial", destacou. Apesar de ter permanecido hoje em silêncio, o advogado de Braz disse que ele tem "interesse em falar e contar exatamente o que ocorreu".

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