
06 de setembro de 2007 | 17h08
O advogado Bruno de Miranda Lins, no depoimento que prestou nesta quinta-feira, 6, à Polícia Federal, repetiu, sem provas, a versão de que seu sogro, Luiz Carlos Coelho se apresentava como "preposto" de Renan Calheiros (PMDB-AL), na negociação de um suposto esquema de propinas. Ele reafirmou os termos dos depoimentos prestados à própria PF, na última terça, e à Polícia Civil do Distrito Federal, há um ano, ocasiões em que disse ter testemunhado o funcionamento de um esquema de coleta de propinas em ministérios peemedebistas que incluiria o presidente do Senado. Veja também: Veja a cronologia do caso Renan Íntregra do relatório que pede a cassação de Renan Entenda as três frentes de investigação contra Renan Após a saída de Lins, que não falou com a imprensa, seu advogado, Rossini Corrêa, deu entrevista e contou trechos do depoimento. Segundo Corrêa, Lins disse ter ouvido do sogro que Renan Calheiros participava do esquema de partilha de propinas, junto com o senador Romero Jucá (PMDB-RR), atual líder do Governo no Senado, e com o deputado Carlos Bezerra (PMDB-MT). Bruno, que foi casado com Flávia Lins, funcionária do gabinete de Renan, reafirmou também que participou de gestões com o sogro e que, a mando dele, fez dois saques no banco BMG - um no valor de R$ 500 mil e um de R$ 1,5 milhão. O advogado, embora afirmando que nunca testemunhou diretamente de atos de corrupção, disse que participou de diversas conversas do sogro com outros integrantes do esquema e executou vários serviços para Luiz Carlos Coelho, como os dois saques feito no BMG, e que, em certa ocasião, entregou R$ 150 mil, em dinheiro, ao deputado Bezerra, por ordem do sogro. Bruno Lins não apresentou documentos para comprovar suas afirmações, frisando que ouviu do sogro as informações, mas se comprometeu a levantar dados pedidos pela Polícia Federal, como, por exemplo, e-mails que confirmem os contatos do sogro com os peemedebistas e gravações que afirma ter feito do sogro, com detalhes relacionados ao esquema. Ainda de acordo com Rossini Corrêa, Lins disse que só viu Renan duas vezes: no seu casamento com Flávia, do qual o senador foi padrinho, a convite de Luiz Carlos Coelho, e na posse de Renan na presidência do Senado. Corrêa acrescentou que Renan, Bezerra e Jucá, estão "nominados" pelo depoente como pessoas citadas pelo sogro e seriam partícipes do esquema de propinas, que desviava dinheiro de contratos de obras públicas. No depoimento, segundo o relato de Corrêa, Lins afirmou que o esquema permitiu ao sogro um alto padrão de vida, "de milionário internacional, muito acima de seus rendimentos". Bruno Lins disse também, de acordo com seu advogado, que o sogro trabalhou para "todas as siglas, sem distinção, desde que houvesse oportunidade de negócios." Quatro processos Nesta quinta, o PSOL protocolou na Mesa Diretora do Senado representação do partido contra o presidente da Casa, para investigação desta nova denúncia. Esta é a quarta representação que o presidente do Senado enfrentará no Conselho de Ética. Destas, três foram pedidas pelo PSOL e uma, pelo PSDB e DEM. A primeira representação enfrentada por Renan - e que pede a cassação do mandato dele - investiga se o senador teria tido contas pessoais pagas por um lobista. Essa representação, aprovada no Conselho de Ética na última quarta, será votada na próxima quarta-feira no plenário do senado. Renan é acusado também de beneficiar a cervejaria Shincariol, que comprou uma fábrica falida de sua família, e de ser dono oculto de duas emissoras de rádio em Alagoas. Cassação Na última quarta, o Conselho de Ética aprovou na o parecer que pede a cassação do senador. Na próxima semana, é a vez do plenário votar, em sessão e voto secreto. Em entrevista a rádios nesta manhã, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva defendeu o voto aberto no caso. "Nem é importante dizer se sou a favor ou contra ao voto secreto". "Por mim, da mesma forma que falava como oposição, se tivesse numa comissão qualquer votaria e diria o que estava votando, inclusive no processo contra Renan", afirmou. Renan voltou a afirmar que não deixará a presidência do Senado. Não saio absolutamente. Fui eleito para cumprir um mandato de dois anos e só a decisão do plenário encurtará esse mandato. Fora disso não há hipótese", disse Renan.
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