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Acusado depõe e nega participação na morte de fiscais

Por Agencia Estado
Atualização:

A Polícia Federal interrogou nesta segunda-feira o empresário Hugo Pimenta, acusado de ser o contratante dos pistoleiros que assassinaram três fiscais do Ministério do Trabalho e um motorista em 28 de janeiro, em Unaí, Minas Gerais. Também foram ouvidos pelo delegado encarregado do inquérito que apura a chacina, Antônio Celso dos Santos, seis outros acusados no crime que, como Pimenta, estão presos na Superintendência da PF em Brasília. A Polícia Federal vai intimar nesta terça-feira o produtor rural Norberto Mânica, acusado de liderar um consórcio de fazendeiros que teria encomendado o crime. Pimenta foi interrogado por mais de uma hora, assistido pelo advogado Marcel André Versiani. Ele negou sua participação na chacina e se recusou a responder às perguntas dos investigadores, alegando o direito de ficar em silêncio para não produzir prova contra si. A atitude do empresário reforçou a convicção da PF que ele seria mesmo o contratador da chacina, conforme o depoimento de pelo menos dois dos acusados. A intimação de Mânica está determinada desde a semana passada, mas o fazendeiro não foi localizado e seu advogado, Raul Livino, não estava legalmente constituído. É possível que ele seja preso ainda esta semana. Ele é que teria arrecadado os R$ 50 mil para pagar aos assassinos, conhecidos por Erinaldo, Rogério e William. O Ministério do Trabalho ainda não sabe o valor das multas que serão aplicadas aos fazendeiros da região de Unaí e Paracatu. Na primeira fiscalização realizada na zona rural desses municípios, após a morte dos fiscais do trabalho em janeiro passado, foram visitadas 39 fazendas e lavrados 101 autos de infração. Dos 39 estabelecimentos vistoriados, nove são de propriedade dos irmãos Mânica e duas delas têm como titular Norberto Mânica, que vem sendo apontado como o mandante dos crimes. "Só vamos ter o valor das multas depois de esgotado o prazo de defesa dos proprietários ", explicou um fiscal. Ele disse que durante o processo administrativo é verificado o porte da propriedade, o número de trabalhadores e se o proprietário é reincidente ou não. No caso de reincidência, a multa dobra. As principais irregularidades no meio rural, segundo ele, são trabalhadores sem registro em carteira e descumprimento das normas de saúde e segurança no trabalho. A multa por trabalhador sem registro, por exemplo, é de R$ 400,00 por pessoa. Já as multas por não observância das normas de saúde e segurança, que incluem o não fornecimento de alojamento digno, água potável e equipamentos obrigatórios são mais salgadas, algumas ultrapassando a R$ 20 mil. Na fiscalização realizada no período de 23 a 30 de julho na região rural de Unaí e Paracatu foi encontrado trabalho escravo em apenas uma carvoaria, de propriedade de Francisco Braz. Lá foram libertados nove trabalhadores e as indenizações, por parte do proprietário, são exigidas imediatamente. O fazendeiro pagou R$ 13.546,76. A principal característica do trabalho escravo é que nele o trabalhador não tem a liberdade de ir e vir e acaba impedido, por dívida ou vigilância, de deixar o local de trabalho.

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