Acuado e sem apoio, ACM pode renunciar

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Apesar de negar publicamente, o senador Antônio Carlos Magalhães (PFL-BA) tem conversado reservadamente com alguns políticos próximos sobre a possibilidade de renunciar o seu mandato. O "Plano B", como já está sendo chamado, será utilizado caso ACM perceba que sua cassação será irreversível. Essa manobra política ganhou força depois do seu depoimento no Conselho de Ética do Senado, na quinta-feira. Acusado de participar da violação do painel de votação, até agora Antônio Carlos não conseguiu convencer sobre sua inocência. Como ACM avalia que perdeu o apoio da opinião pública, da mídia e dos próprios senadores para preservar o seu mandato, aliados do cacique baiano já admitem a possibilidade da renúncia para que ele preserve os seus direitos políticos em 2002. O tema chegou a ser cogitado na noite de quinta-feira, dentro do próprio gabinete de Antônio Carlos. Ele tem acusado a mídia de fazer um linchamento público com este episódio. Ao perceber a repercussão negativa dos telejornais ao depoimento de ACM, naquela mesma noite, vários políticos do grupo "carlista" passaram a enxergar essa alternativa como a única saída viável para ele não ser excluído da vida pública. Se for cassado, o senador Antônio Carlos perderá os seus direitos políticos por oito anos. Como está com 73 anos, isso seria fatal, já que aos 81 anos, quando poderia voltar a vida pública, ele já estaria com uma idade muito avançada. "O mandato do senador Antônio Carlos pertence aos baianos e só a Bahia pode cassá-lo", enfatizou o prefeito de Salvador, Antônio Imbassay (PFL), dando a senha que será utilizada pelos carlistas para colocar o "Plano B" em ação, em caso de necessidade. "Querer cassar ACM é querer cassar a Bahia, e isso não vamos aceitar", reforçou o governador César Borges (PFL-BA), outro fiel aliado. A preocupação do grupo político de ACM é manter a hegemonia carlista em 2002. Com a renúncia, reconhece um opositor baiano, ACM sairia como vítima desse episódio. "Nesse caso, ele seria imbatível", admite esse opositor. Segundo um influente parlamentar carlista, o discurso do senador baiano já está pronto: fui cassado por combater a corrupção no País. Preferencialmente, Antônio Carlos tentará voltar ao Palácio de Ondina, sede do governo baiano. Mas também não está descartada sua candidatura ao Senado. A possibilidade de renúncia ganhou força depois que naufragou a tentativa de um acordo que a cúpula pefelista intermediou com os outros partidos da base. Pelo acordo, ACM e o senador José Roberto Arruda (sem partido-DF) seriam punidos com uma suspensão e não com a cassação. Mas a repercussão deste caso na imprensa e a decisão do PSDB em abandonar Arruda acabaram inviabilizando qualquer negociação neste sentido.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.