''''Acordo não é entre Lula e Chávez'''', diz presidente

Em reunião com líderes, ele afasta defesa da adesão da Venezuela ao Mercosul de qualquer afinidade pessoal

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Por Luciana Nunes Leal , Denise Madueño e BRASÍLIA
Atualização:

No dia seguinte à aprovação da entrada da Venezuela no Mercosul pela Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva procurou, em reunião ontem com líderes governistas, desvincular a defesa da adesão do país vizinho ao bloco de qualquer afinidade pessoal com o colega Hugo Chávez. "Não se trata de um acordo entre Lula e Chávez, mas dos povos venezuelano e brasileiro", afirmou o presidente, segundo relato de líderes presentes ao encontro, no Palácio do Planalto. O líder do PTB na Câmara, Jovair Arantes (GO), contou que o presidente observou que ele e Chávez "vão passar, mas os dois países continuam". Os líderes contaram que Lula agradeceu aos parlamentares aliados a aprovação do projeto na CCJ. Argumentou que o Brasil tem um papel importante e de liderança na América do Sul e a rejeição da entrada da Venezuela no Mercosul significaria uma sinalização muito ruim internacionalmente. Os líderes deixaram a reunião seguros de que os deputados da base governista votarão unidos a favor da proposta no plenário, assim como ocorreu na CCJ - em que o placar registrou 44 votos favoráveis e 17 contrários. ?BARULHO? "No plenário vai ser a mesma coisa. A base ficará unida", afirmou Arantes. "A oposição fez só barulho. A capacidade da oposição de convencimento se limitou à própria oposição." Na CCJ, o líder do PTB foi um dos articuladores da base aliada que não pouparam críticas a Chávez ao defender aprovação da adesão da Venezuela ao bloco. Para ele, o país vizinho é um parceiro comercial importante do qual não se deve prescindir. Quanto a Chávez, optou pela ironia: "Prefiro o Chaves da TV. É muito mais interessante do que ele (o presidente venezuelano)", disse Arantes, referindo ao personagem do seriado de TV representado pelo ator mexicano Roberto Bolaños. Depois da CCJ, os aliados consideram que a proposta será aprovada com tranqüilidade no plenário. "A base está consciente de que a entrada da Venezuela no Mercosul precisa ser feita. Não vamos fulanizar na pessoa do presidente venezuelano", disse o deputado Lincoln Portela (PR-MG). DISCURSO Assim, a transitoriedade no comando dos países e a importância do parceiro comercial para o Brasil vão ser a essência do discurso que a base usará na votação da proposta no plenário da Câmara. Dificilmente, no entanto, o Congresso aprovará neste ano a adesão da Venezuela ao bloco. Na Câmara, a proposta só deverá ser votada no próximo mês, quando a pauta deverá estar livre das cinco medidas provisórias e dos dois projetos com urgência que estão trancando as votações. O Senado terá apenas cerca de duas semanas para votar a proposta na Comissão de Relações Exteriores e no plenário. Com a agravante de ter a oposição no comando da comissão e a resistência já declarada de peemedebistas como o senador José Sarney (AP).

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