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Acórdão do mensalão traz dezenas de citações a Lula

Por Eduardo Bresciani
Atualização:

O acórdão do julgamento do Supremo Tribunal Federal (STF) sobre o maior escândalo de corrupção do governo Luiz Inácio Lula da Silva foi publicado nesta segunda-feira com dezenas de citações ao ex-presidente. O documento do mensalão, com 8.405 páginas, traz ainda diversas referências a desvios de recursos públicos, compra de votos e compra de apoio político também estão entre as expressões mais citadas.O nome do ex-presidente, que não é um dos réus, aparece 82 vezes, havendo ainda outras 41 menções a governo Lula. A maioria se trata da citação de depoimentos de personagem do escândalo, como o deputado cassado Roberto Jefferson (PTB), um dos 25 condenados. Há ainda outras 52 referências a Palácio do Planalto, boa parte delas sobre a atuação do ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, descrito como articulador e controlador do esquema.A palavra que dá nome ao escândalo, mensalão, foi usada 234 vezes no documento. Os ministros falaram 88 vezes em desvios de recursos públicos, 87 vezes em compra de votos e 65 vezes em compra de apoio político. Principal tese de defesa dos condenados, o caixa dois foi mencionado 140 vezes.Diferente da praxe no tribunal, as discussões em plenário foram mantidas quase de forma integral. Apenas o ministro Celso de Mello pediu para retirar algumas declarações. O trecho em que o relator, Joaquim Barbosa, acusa o revisor, Ricardo Lewandowski, de advogar para um dos réus foi mantido, assim como a réplica do revisor questionando se Barbosa trabalhava para o Ministério Público.ContradiçãoO acórdão trouxe ainda uma contradição em relação à situação de quatro réus. O ex-presidente do PP, Pedro Corrêa, o ex-assessor do partido João Cláudio Genú, o ex-advogado do empresário Marcos Valério, Rogério Tolentino, e o ex-sócio da corretora Bônus Banval, Enilvaldo Quadrado, aparecem como condenados em um trecho do documento pelo crime de formação de quadrilha e absolvidos em outra parte. Isso ocorreu porque o ministro Marco Aurélio na antepenúltima sessão decidiu mudar seu voto livrando todos da acusação e o documento acabou trazendo a incoerência. O STF informou que cabe às partes no processo apresentar recurso para esclarecer o tema.

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