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Análise e bastidores de política e economia

'Acordamos todos'

Ou melhor: foram despertados a chacoalhões de um sono profundo que os impedia de ver que o Brasil não comporta mais certas práticas políticas

Por Vera Magalhães
Atualização:

“Acordamos todos que não há a menor condição de, pelo menos patrocinado pelo presidente da Câmara e do Senado, levar adiante essa proposta”, disse Michel Temer ontem sobre a proposta de anistia ao caixa 2, no momento mais revelador da entrevista concedida ao lado dos presidentes do Legislativo. De fato, parecem ter acordado. Ou melhor: foram despertados a chacoalhões de um sono profundo que os impedia de ver que o Brasil não comporta mais certas práticas políticas. Temer teve de praticamente enquadrar os presidentes do Senado e da Câmara e dizer que, caso não concordassem, prometeria vetar a anistia que ajudavam a patrocinar. Diante da decisão de Temer – a partir de pesquisas que mostravam a rápida corrosão de sua já parca popularidade diante dos casos Geddel e caixa 2 – só restou a Rodrigo Maia e Renan Calheiros mostrarem suas piores caras na TV e admitir que abortariam o que até sexta-feira negavam estar em curso. E haja mesóclise. “Poder-se-á dizer: só agora vocês pensaram nisso?”, perguntou Temer. Responder-se-á: sim, só quando a corda apertou.

Dança das cadeiras. Rogério Rosso é cogitado para o cargo Foto: Adriano Machado|Reuters

GRAVAÇÕES Governo estuda processo contra Marcelo Calero O governo aguarda a perícia da Polícia Federal nas gravações feitas por Marcelo Calero para decidir se processa o ex-ministro da Cultura com base na Lei de Segurança Nacional e no código de conduta do funcionalismo. A qualidade ruim dos áudios não permite atestar como foram gravadas as conversas. O QUE PEGA? EUA querem que Odebrecht prove capacidade de pagar Superado o impasse pelo valor da leniência da Odebrecht que irá para os EUA, as autoridades americanas agora querem que a empreiteira comprove que tem condições de médio e longo prazo de pagar a multa. Advogados da empresa estão nos EUA para tentar um acordo. Enquanto isso, nada de assinatura dos acordos de delação. O SUBSTITUTO Rogério Rosso é mais cotado para o lugar de Geddel O fato de “não ter passado” (leia-se ficha corrida) fez com que Rogério Rosso (PSD-DF) andasse várias casas no tabuleiro para suceder Geddel na articulação política. Sua escolha ainda abriria caminho para a reeleição de Rodrigo Maia. Por fim: sua mulher é a melhor amiga de Marcela Temer. TERTIUS Tasso Jereissati costura para ser nome de consenso no PSDB O senador Tasso Jereissati esteve nos últimos dias com os principais caciques do PSDB. Trabalha para ser aceito tanto pelo grupo de Aécio Neves quanto pelo de Geraldo Alckmin para presidir o partido no ano que vem. SOPÃO Em campanha, Alckmin institui a ‘canja política’ das sextas-feiras Fiel ao estilo caipira, o governador Geraldo Alckmin vem firmando uma tradição peculiar para angariar apoios ao seu voo presidencial: recebe aliados e candidatos a aliados para uma canja às sextas-feiras no Palácio dos Bandeirantes. O hábito tem atraído tucanos e filiados a outros partidos e geralmente termina com a contação dos famosos “causos” do tucano.