ACM vai tentar cativar seus colegas

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Por Agencia Estado
Atualização:

Convencido de que vai precisar cativar os seus colegas senadores nesta fase de conclusão dos trabalhos do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, o ex-presidente do Congresso Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) adotou em seu discurso um tom emocional ao garantir nesta sexta-feira que não vai pedir a impugnação dos parlamentares que já anteciparam voto em favor da cassação dele e do senador José Roberto Arruda (sem partido-DF). Para mostrar a sua fase ?light?, ACM reconhece que ?se houve tratamento exagerado no passado ? entre ele e seu antigo inimigo Jader Barbalho (PMDB-PA) -, não deve se repetir? até porque transformaram ?briga de princípios em pessoal?. O senador baiano aproveitou ainda para elogiar o relator do processo, senador Saturnino Braga (PSB-RJ), por ter adiado o final dos seus trabalhos por se sentir pressionado pela imprensa. ?O senador Saturnino tomou uma atitude sensata?, comentou o pefelista, ao esclarecer que ele preferiu fazer uma ?averiguação completa? e ?meditar, pensar melhor?, antes de redigir o parecer. ACM nega que esta decisão o favoreça, como insinuaram inimigos políticos, porque acalmaria os ânimos da opinião pública, permitindo uma punição mais branda. Para ele, o conselho não tem de apressar nada, mas agir dentro dos trâmites legais. ?O processo tem de seguir seu rítmo normal. Se for demorado demais, erra; se quiser imprimir rapidez, erra também.? Embora esteja precisando de aliados, ACM não deixou de lado seu estilo, de mostrar que sempre tem cartas na manga contra quem quiser prejudicá-lo. Ele admitiu, por exemplo, que embora não queira tomar nenhuma atitude contra alguns senadores que integram o conselho de ética que declinaram o voto pela cassação, não descarta a possibilidade de seus advogados quererem usar isso como estratégia de defesa. ?Não quero impedir que os senadores falem?, declarou, embora ressalvasse que os integrantes do conselho não deveriam fazê-lo para não que não se sintam impedidos. ACM justificou que, no caso da cassação de Luiz Estevão, só emitiu sua opinião porque não era do conselho. ?O conselho não é político, só o plenário.? Em relação ao seu arquiinimigo, Jader Barbalho, Antonio Carlos disse: ?Não tenho interesse em fazer julgamento do senador Jader, nesta fase?. Indagado se estava havendo uma trégua, ele negou, assim como não quis admitir que pudesse haver um acordo para salvá-lo, agora, a fim de que Jader fosse ajudado lá na frente, se se tornasse a bola da vez. ?Não há razões para querer reviver problemas.? Para ele, tratar de outros assuntos agora (referindo-se às denúncias contra Jader) ?complica muito mais a situação?. E, sinalizando que há um entendimento entre ambos declarou: ?Não posso negar conversa de político com político, políticos que se dão com outros e conversam, mas eu não autorizei ninguém a conversar por mim?. Segundo ACM, falar em acordo é exploração de quem quer prejudicá-lo e desmoralizar o Senado. ACM ?descarta totalmente? qualquer possibilidade de renúncia. ?Até porque estou convencido de que não vou ser punido?, disse ele insistindo em que a sua participação na violação do painel ?foi zero?. ?Se eu errei, porque quis defender o Senado, assumo o erro. Mas estou certo de que fiz um bem, pois tirei um corrupto da vida pública.? Na sua opinião, cassação é uma punição ?absurda e exagerada?: ?Não acredito nisso?. O senador baiano ?não acredita? que venha a receber uma punição em que precise renunciar. No entanto, acha que, se fez alguma coisa errada, ?não tem nada a ver com roubalheira?. Para ele, não renunciar ?não é covardia?. ?É que nunca esteve e nem está no meu pensamento, nem do meu partido.? Antonio Carlos fez questão de dizer que ?estranha? que existam outros processos que estão aguardando análise no conselho do ética e que a imprensa não cobra. Ele se referia à investigação de irregularidades na construção de balsas no Pará pelo senador Luiz Otávio (sem partido), que está há um ano parado no conselho e cuja relatora é a senadora Heloísa Helena (PT-AL). ?Eu estou sendo linchado pela mídia?, lamentou-se, lembrando que isso ocorre por ser uma pessoa conhecida.

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