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ACM vai dizer que é vítima de perseguição política

Por Agencia Estado
Atualização:

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) deve dizer nesta quinta-feira à tarde, em seu depoimento, que está sendo vítima de uma perseguição política. Ao fazer a defesa de seu mandato, no Conselho de Ética, ACM deve insistir em que não partiu dele a ordem para violar o painel eletrônico do Senado, jogando a responsabilidade no ex-líder do governo José Roberto Arruda (sem partido-DF). Por causa deste episódio, ACM também corre risco de ter seu mandato cassado. "A verdade está comigo" "A cassação do meu mandato seria uma violência", afirmou ACM à Agência Estado. "Não creio numa cassação; a verdade está comigo", reforçou. Ele descartou qualquer possibilidade de renunciar ao seu mandato para evitar um processo de cassação. "Esta hipótese simplesmente não existe", reiterou. Mudança de estratégia Antonio Carlos resolveu mudar completamente a sua estratégia de defesa esta semana, depois que Arruda admitiu ter participado da violação do painel eletrônico, envolvendo-o no episódio. Até então, ACM pretendia negar qualquer participação na quebra de sigilo da votação que cassou Luiz Estevão (PMDB-DF), dizendo inclusive que jamais teve acesso à lista. Agora, a sua estratégia será tentar desvincular-se o máximo possível da defesa de Arruda. Arruda teria "prova definitiva" contra ACM Já o ex-líder do governo resolveu esperar o depoimento de ACM para tomar qualquer decisão. "Só depois disso é que Arruda definirá o seu futuro, não descartando nem mesmo sua renúncia", explicou um dos poucos caciques tucanos que continua a apoiar Arruda. Especulou-se nesta quarta-feira, no Senado, que o ex-líder do governo estava guardando "uma prova definitiva" que incriminaria ACM. Já Antonio Carlos tentará convencer os senadores de que não praticou nenhuma ilegalidade e depois de receber a lista teve o cuidado de não dar divulgação ao assunto para não anular a cassação de Estevão. ACM vai ler seu depoimento "O problema agora é político, e por isso vou tratar o assunto politicamente, embora também faça a minha defesa jurídica", disse ele, que fará seu depoimento por escrito. Ele passou esta quarta-feira em seu apartamento, preparando o pronunciamento com alguns assessores, e só chegou ao Senado no final da tarde, tentando demonstrar tranqüilidade. No início da noite, o porta-voz do Planalto, Georges Lamazière, disse que o presidente Fernando Henrique Cardoso "não tem temor nenhum em relação ao depoimento do senador Antonio Carlos", e reafirmou que este era um assunto do Senado. ACM está seguro da ausência de provas contra ele Apesar de admitir que recebeu e rasgou a lista com o voto de todos os senadores na sessão que cassou Estevão, ACM vai insistir que essa foi sua única participação em todo o caso. "Ninguém do Prodasen ouviu uma única ordem minha para conseguir a lista", disse. Ele está seguro de que até o momento não existe nenhuma prova que o incrimine. "No depoimento de Regina Borges (ex-diretora do Prodasen) não existe nada contra mim; não há uma única afirmativa dele que me prejudique", explicou. ACM vai atacar Regina Mesmo assim, ACM deverá atacá-la para explicar um dos pontos mais delicados de sua defesa: o telefonema que deu para Regina Borges logo depois que recebeu a lista do senador Arruda. Segundo alguns políticos ligados ao senador baiano, ele deverá dizer em seu depoimento que ligou para Regina, a pedido dela, depois de saber que ela havia nomeado para um cargo no Prodasen o enteado do seu ex-assessor Rubens Gallerani. Mesmo assim, ACM fez um levantamento preventivo dos telefonemas do seu antigo gabinete e não constatou nenhum registro dessa ligação. Apoio do PFL Diferentemente de Arruda, ACM não deve perder o apoio e a solidariedade de seu partido. O presidente do PFL, senador Jorge Bornhausen (SC), deu nesta quarta-feira demonstrações de que a legenda não deve abandonar o cacique baiano, mesmo depois de ACM ter admitido que recebeu a lista. "Não dá para abandonar uma pessoa com 50 anos de vida política por causa de um único episódio", observou Bornhausen. Ao mesmo tempo, o PFL ensaiou um discurso para reforçar a tese de ACM em jogar sobre Arruda toda a culpa do episódio. "Quem era interessado nesta lista era o Arruda", disse o líder do PFL na Câmara, deputado Inocêncio Oliveira (PE). "Afinal, este era um assunto da política do Distrito Federal", explicou.

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