14 de junho de 2021 | 22h49
BRASÍLIA – A decisão do DEM de expulsar de seus quadros o ex-presidente da Câmara Rodrigo Maia (RJ) não causou surpresa para ele. Mesmo assim, Maia não escondeu a irritação com o desfecho da briga que travou com o presidente do DEM, ACM Neto, iniciada durante o processo de disputa pelo comando da Câmara.
Na ocasião, Neto e seu grupo apoiaram a candidatura de Arthur Lira (Progressistas-AL) para o comando da Câmara contra o deputado Baleia Rossi (MDB-SP), nome defendido por Maia. “Torquemada Neto está seguindo o caminho autoritário do bolsonarismo”, afirmou Maia ao Estadão, comparando o dirigente do DEM a Tomás de Torquemada, inquisidor geral espanhol durante o século XV.
O ex-presidente da Câmara, que já presidiu o DEM e foi um de seus principais líderes, faz segredo sobre seu novo destino político, mas o Estadão apurou que ele deverá ir para o PSD do ex-prefeito de São Paulo Gilberto Kassab.
A seguir, os principais trechos da entrevista:
Infelizmente, hoje se revelou a natureza da Arena de seu presidente, que usa do seu poder para calar aqueles que são críticos à sua gestão. Isso vai levar ao fim do partido. O presidente Lula não conseguiu, ninguém conseguiu. Mas parece que o próprio ACM Neto vai conseguir acabar com o partido.
É uma decisão que mostra que Torquemada Neto está seguindo o caminho autoritário do bolsonarismo. O caminho autoritário de proximidade com o presidente Bolsonaro. Isso mostra que a prática dele está sendo muito parecida com a do governo. Aqueles que criticam são atacados de forma antidemocrática. Então, a decisão dele de expulsar um quadro do partido apenas porque fez críticas duras, mesmo sabendo que os deputados da tropa imperial dele estão me atacando na Bahia, mostra que a sinergia histórica dele e da Arena, da família dele, chegou nele nesse momento. E, cada vez mais, o coloca mais próximo do bolsonarismo. Vai sobrar para ele apenas ser candidato a vice do Bolsonaro em 2022.
Eu já me considerava fora do DEM. Já tinha pedido a minha desfiliação. Esse assunto, para mim, já está resolvido. Só que a prática utilizada pelo presidente na condução da decisão é lamentável e autoritária. Como nós temos origens distintas, é natural que, na hora do conflito, ele vá para as práticas de quem se beneficiou da ditadura. Não as práticas de uma família que foi vítima da ditadura.
Ainda não sei. Vou esperar um pouquinho.
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