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ACM e Jader ensaiam trégua

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Por Agencia Estado
Atualização:

Um dia depois da renúncia, o ex-senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e o presidente do Senado, Jader Barbalho (PMDB-PA), acenaram com uma trégua implícita no intenso tiroteio verbal que já durava 13 meses. O sinal mais concreto foi dado por Jader. Numa conversa com jornalistas, ele afirmou que ACM não merecia a pena da cassação do mandato. Já Antonio Carlos, pouco antes de deixar o Senado, fez questão de inocentar o peemedebista das acusações de desvio de verbas da Sudam, transferindo toda a responsabilidade do caso para o presidente Fernando Henrique Cardoso. Apesar das demonstrações de paz, Jader e ACM voltaram a negar nesta quinta-feira a existência de qualquer "acordão". Durante as últimas semanas, o diálogo entre os dois foi intermediado pelo senador Edison Lobão (PFL-MA), integrante da mesa diretora. O presidente do Senado explicou que só ficou à vontade para externar a sua opinião sobre o episódio da quebra do sigilo do painel eletrônico depois da cassação, já que antes ele estava na condição de juiz. "A cassação extrapolaria o crime cometido", argumentou Jader. Para ele, a suspensão do mandato já seria uma pena "muito forte" e "humilhante". "Mas seria uma pena mais adequada", avaliou. Pouco antes do presidente do Senado acenar com a bandeira branca, ACM retirava de Jader a responsabilidade do caso Sudam. Ao ser questionado sobre o trecho do seu discurso de renúncia, feito no dia anterior, em que afirmava que o peemedebista não tinha responsabilidade no episódio, o cacique baiano foi direto. "Quem deu o poder para que acontecesse o desvio no órgão foi Fernando Henrique", disparou Antonio Carlos. "Se ninguém fosse dono da Sudam, não haveria aquela fraude de R$ 2 bilhões", disse. Ele afirmou que o presidente "deu" a Sudam para Jader ao nomear para a superintendência do órgão Maurício Vasconcelos e Arthur Guedes Tourinho, dois afilhados do senador paraense. "Caso contrário, Jader não teria os instrumentos para fazer o que fez." Nesta quinta-feira, logo depois de acompanhar a posse do filho, Antonio Carlos Junior, ACM fez questão de negar a notícia de que o senador Roberto Requião (PMDB-PR) tivesse votado contra a cassação do ex-senador Luiz Estevão (PMDB-DF). "Esta é uma grande injustiça; Requião votou pela cassação", garantiu Antonio Carlos. Mas voltou a insinuar sobre o voto da senadora Heloísa Helena. "Geralmente, quem mais reclama é porque pecou." Sobre uma eventual participação do líder petista, senador José Eduardo Dutra (SE), no episódio da violação do painel, ACM foi misterioso. "Tivemos um diálogo que um dia eu irei esclarecer." Em entrevista concedida no seu antigo gabinete, ACM voltou a repetir alguns ataques feitos contra o governo. Sobre a possibilidade de um apagão, ele informou com ironia que, desde 1996, o "mago da energia" Pedro Parente, ministro da Casa Civil, participava de encontros sobre o tema e foi alertado sobre a gravidade do problema energético. "Houve uma política do governo de não soltar dinheiro para investimentos no setor", acusou. Apesar dos ataques ao governo, ele disse que a tendência do seu grupo político no Senado era de não assinar a CPI da Corrupção. Antonio Carlos negou com insistência uma eventual candidatura ao Palácio do Planalto. "Não está nos meus planos ser candidato." Ele disse que não disputaria a sucessão de 2002 mesmo que recebesse um apelo do PFL. "Só serei candidato para ganhar; a Bahia já deu como candidato Rui Barbosa, que não ganhou." Ele também voltou a afirmar que achava muito difícil a reedição da aliança.

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