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ACM diz que só apresenta provas em CPI

Por Agencia Estado
Atualização:

O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) está disposto a revelar, numa eventual CPI do Congresso como o ex-diretor de Relações Internacionais do Banco do Brasil Ricardo Sérgio de Oliveira teria recebido uma comissão milionária para ajudar a formar o consórcio Telemar no leilão da Tele Norte Leste. Ao Grupo Estado, ACM confirmou o teor das denúncias contra Ricardo Sérgio. "Não desminto nada do que saiu a esse respeito", disse ACM. "E, se não desminto a informação, é porque confirmo", enfatizou. Segundo ele, o valor da propina para ajudar na formação do consórcio, em 1998, teria sido maior do que a revista "Veja" divulgou neste final de semana. "A ordem de grandeza da comissão pode ser até maior do que R$ 90 milhões", revelou. "E essa comissão foi paga pela Telemar." O senador garante que, se for aberta uma CPI, todos os fatos serão comprovados. "Ficarão sabendo que tudo o que eu disse é verdade, mas só posso falar detalhadamente numa CPI." O ex-presidente do Senado evitou explicar como foi informado sobre a propina que teria sido paga pela Telemar. "As minhas afirmativas serão todas com base em pessoas que participaram da conversa", alegou. "Vou dizer como e a maneira com que soube desse fato, para que se possa comprovar tudo." Mas, para um interlocutor próximo, senador baiano confidenciou que foi o próprio empresário Carlos Jereissati, presidente do grupo Telemar, quem lhe contou todos os bastidores do leilão das teles, inclusive sobre as supostas propinas pagas a Ricardo Sérgio. ACM e Jereissati manteriam um bom relacionamento. Campanha - O senador voltou a dizer que o ex-diretor do Banco do Brasil era "muito ligado" ao ministro da Saúde, José Serra. E também fez questão de registrar a amizade de Serra com o ministro-chefe da Secretaria de Comunicação, Andrea Matarazzo. "O Andrea Matarazzo deve arrecadar para a campanha presidencial de Serra, como arrecadou para Fernando Henrique", disse ACM, reiterando informações publicadas pela revista "Época". Procurado pela reportagem, a assessoria do empresário Jereissati informou que ele está em viagem ao exterior e só responderá às acusações ao retornar ao Brasil, ainda nesta semana. Serra e Matarazzo não irão responder às denúncias, de acordo com as suas assessorias. O pefelista está desde sábado à noite em São Paulo, quando chegou da Flórida, nos Estados Unidos. Na tarde de hoje, ele foi ao Instituto do Coração (Incor), onde está internado o governador licenciado, Mário Covas. ACM não esteve no quarto do senador José Sarney (PMDB-AP), que também está internado no Incor, recuperando-se de uma cirurgia para retirada da próstata. Amanhã pela manhã, ele retorna a Brasília. Votação - Hoje, ACM também rebateu a notícia de que o Senado quebrou o sigilo da votação secreta que resultou na cassação do ex-senador Luiz Estevão (PMDB-DF). "A violação do painel não é possível. E, se fosse, jamais seria feita na minha presidência" afirmou. Ele negou ainda que tenha recebido a lista da votação por um funcionário do Serviço de Processamento de Dados do Senado (Prodasen). "Eu desafio qualquer funcionário de ter entregue qualquer lista. Isso deve ser armação de algum senador interessado em tentar me envolver, para deviar a atenção." O senador voltou a fazer ataques ao presidente Fernando Henrique Cardoso. Segundo ele, o presidente sabia de todas as denúncias sobre os desvio de quase R$ 10 milhões do Banco do Estado do Pará (Banpará), durante a gestão de Jader Barbalho no governo desse Estado, de 1983 a 1987. "Fernando Henrique conhecia mais o processo do que eu", disparou. "Essas denúncias foram guardadas para depois da eleição das presidências da Câmara e do Senado." ACM diz ainda que as denúncias contra Jader sempre foram usadas pelo Palácio do Planalto como forma de segurar as chantagens que seriam feitas pelo atual presidente do Senado. "Quando o Jader queria fazer alguma coisa contra o governo, pegavam as denúncias e Jader recuava." Ele também desafiou o desafeto a autorizar o Banco Central a quebrar o seu sigilo. "O Armínio Fraga (presidente do BC) disse que uma das formas de esclarecer o fato seria com a autorização de Jader. Por isso, ele fica obrigado a autorizar a quebra do seu sigilo."

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