ACM, de volta: FH "perdeu rumo e senso"

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Por Agencia Estado
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O senador Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) voltou a despejar uma pacote de críticas ao presidente Fernando Henrique Cardoso nesta sexta-feira, dizendo que o Planalto está passando por uma séria crise de governabilidade devido aos últimos acontecimentos. "Acredito que ele (FHC) começa a perder o comando dado pelo povo, que lhe deu todos os poderes menos o de ser ético ou conivente indiretamente com a corrupção", disse na capital baiana, mais tranquilo depois do susto desta quinta-feira, quando caiu de um palanque na cidade de Jequié. Para ACM, FHC está perdendo "a dignidade da função" por falta de aconselhamento. "Ele chegou a dizer que eu era independente na minha casa: é verdade, não sei é se ele pode responder o mesmo", criticou o senador, assinalando que FHC "perdeu o rumo das coisas e o senso", preferindo ao invés de apresentar o plano de metas para os seus últimos dois anos, "atacar-me injusta e desnecessariamente". Magalhães também respondeu ao termo "entulho autoritário" usado pelo presidente Fernando Henrique para designá-lo. "O entulho autoritário está infelizmente no próprio Palácio (do Planalto) e por ele (FHC) comandado", disse, fazendo coro com o ex-governador Ciro Gomes (PPS) que disse em São Paulo que Fernando Henrique não consegue ser amigo de ninguém. "Isso ocorre porque lhe faltam as qualidade de lealdade e de respeito aos que com ele convivem: o seu exercício freqüente é o de falar mal das pessoas, esquecendo também que todos falam mal dele". ACM também aproveitou para alfinetar o fato de FHC cobrar lealdade aos partidos que o apóiam para evitar CPIs contra o governo. "O horror que ele tem por investigações demostram uma transformação muito grande, como provou o senador José Eduardo Dutra (PT-SE) ao lembrar o tempo que ele era senador do PMDB (e queria investigar as denúncias de corrupção no governo do presidente José Sarney, do PMDB)". A cobrança de FHC foi considerada por ACM mais autoritária que o "regime militar ou o governo do presidente Fernando Collor, de que ele tanto quis ser ministro das Relações Exteriores", disse, provocando ainda mais. "Graças a (o governador Mário) Covas isso não aconteceu, o que lhe valeu, para o bem ou mal do Brasil, a presidência da República". Bem-humorado, ACM confirmou mais do que nunca sua posição de independência dentro do PFL em relação ao governo. "Quando o Planalto estiver certo, o meu apoio é indubitável, quando estiver errado, a minha crítica será inapelável", disse, afirmando, contudo, que a princípio isso não significa que os senadores e os deputados de sua bancada também votarão contra o governo. "Não sei, isso vai depender de coisas futuras...", declarou, deixando o mistério no ar. Sobre os dois novos ministros do PFL escolhidos por FHC para as vagas de Rodolfo Tourinho e Waldeck Ornelas, Magalhães aplaudiu, sem, no entanto, perder mais uma vez a oportunidade de criticar Fernando Henrique mesmo num elogio. "Acho que o presidente, depois de cometer as injustiças que cometeu com dois grandes baianos, acertou na indicação do deputado Roberto Brant e do senador José Jorge. É uma pena que os demais partidos não tenham sido tão felizes nas escolhas". Por sugestão de um amigo, ACM vai adotar o trombone como símbolo da sua luta contra a corrupção. Pelo visto, o presidente Fernando Henrique Cardoso ainda vai ouvir muito barulho.

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