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'Aceito o desafio e paro com a política', diz Paulo Octávio

Vice de Arruda fala sobre a situação vivida no DF e diz que se aposenta após fim do mandato

Por Rafael Moraes Moura
Atualização:

O governador em exercício do Distrito Federal, Paulo Octávio (DEM), disse que passou seu primeiro dia à frente do Executivo da capital em conversações com políticos para falar na necessidade de que seja mantida a governabilidade enquanto o titular, José Roberto Arruda (sem partido), encontra-se preso e afastado do cargo, por decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ).

 

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"Assumo o governo no momento mais difícil da história política de Brasília. Entendo que minha responsabilidade é muito grande e estou conclamando os partidos políticos a um debate, um diálogo e um entendimento". Apesar dos apelos, Paulo Octávio foi alvo ontem de quatro pedidos de impeachment. Paulo Octávio disse ainda que, ao final do mandato, em 31 de dezembro de 2010, encerra suas atividades políticas. Neste sábado, 13, o governador em exercício do DF comemora seu aniversário.

 

Leia a entrevista com o governador em exercício do DF:

 

Com o governador José Roberto Arruda (sem partido) na prisão, o senhor passou ontem seu primeiro dia como governador do Distrito Federal em reuniões com assessores, equipe de governo, secretários. Encontrou-se com o presidente do Tribunal de Justiça do Distrito Federal... Qual a sua avaliação do seu primeiro dia de governo?

O primeiro dia foi para mostrar a todos entes políticos de Brasília a necessidade da governabilidade. Assumo o governo no momento mais difícil da história política de Brasília, entendo que minha responsabilidade é muito grande e estou chamando os partidos políticos a um debate, a um diálogo, entendimento.

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O senhor acha que vai conseguir manter a governabilidade nesse cenário?

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Todos estão preocupados com o momento, o próprio presidente Lula tem preocupação com o momento. Temos uma reunião agendada para quarta-feira da próxima semana, onde vamos debater Brasília. Brasília é muito importante para o Brasil. O próprio presidente tem tido uma sintonia muito grande com a cidade. Como o presidente se atrasou nos eventos desta sexta-feira em Goiás, chegaria mais tarde, o presidente pediu então para marcar o encontro para quarta-feira. O encontro seria na base aérea, mas agora será formal.

 

Seu partido, o DEM, determinou que todos os filiados saíssem da administração Arruda. Agora o senhor assume o governo do Distrito Federal, com a mesma equipe de secretários e a mesma base aliada. O senhor já entrou em contato com dirigentes do DEM?

Falei com o presidente Rodrigo Maia. Pela manhã eu pedi licença da presidência do DEM no Distrito Federal, passo para o deputado Osório Adriano, no sentido de facilitar as coisas. Tenho de agir de forma suprapartidária, buscar o entendimento com outros partidos, abro mão da presidência da DEM, da minha candidatura, estou dando provas de sacrifício pessoal em busca da governabilidade. Entendo que o momento é grave, e a governabilidade de Brasília é mais importante que as minhas ambições políticas.

 

O senhor se arrepende de ter feito parte da mesma chapa de José Roberto Arruda?

(silêncio) Não me arrependo porque o governo chegou a ter 90% de aprovação em novembro do ano passado. O projeto de governo que foi feito em Brasília é sensacional, tanto é que todo o desenvolvimento da cidade, a quantidade de obras, a busca da legalização das terras públicas, o que foi feito de avanço na forma de administrar foi muito importante para a cidade. Entendo que está aí dada a contribuição.

 

O senhor acredita na inocência de Arruda?

(silêncio). A questão está na esfera judicial, o governador Arruda sempre foi determinado, um administrador competente, trabalhou muito, sou testemunha da dedicação dele. Quanto às questões da esfera judicial, confio na justiça brasileira, acredito que a justiça brasileira vai chegar a um fim a essas investigações e com certeza será honrado.

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O presidente da OAB-DF disse que o senhor não tem condições jurídicas nem políticas para suceder a Arruda.

Olha, vivemos um momento político, logicamente eu sei que vou ter adversários neste momento, críticas, tenho de enfrentar. Posso facilmente abrir mão, poderia facilmente não assumir o governo, aí eu pergunto: como ficaria Brasília? Mesmo com as críticas que vou enfrentar, tenho minha consciência totalmente tranquila, qualquer fato que foi apontado contra mim foram de outras pessoas. Não posso ser responsabilidade pelos atos de outras pessoas.

 

O senhor teme uma intervenção no Distrito Federal?

Eu, neste momento, quero ser um facilitador. Eu não temo absolutamente nada. Deus me poupou do sentimento de medo, temos uma responsabilidade muito grande, do Executivo, Legislativo, Judiciário de buscar um caminho para Brasília. O caminho vai ser encontrado no entendimento, acho uma atitude precipitada essa da intervenção. Quero deixar isso por conta do Supremo Tribunal Federal.

 

O Estado revelou que o seu grupo empresarial é acusado de provocar rombo de R$ 27 milhões na Caixa Econômica Federal. O Ministério Público Federal entrou com denúncias contra suas construtoras. O que o senhor acha dessas acusações?

Isso não procede, é inclusive bom dizer que não sou citado nesse processo, é uma briga política. O grupo empresarial está tranquilo. Os adversários como não conseguem me atingir, tentam atingir as minhas empresas que estão trabalhando por Brasília há 35 anos e têm o maior conceito na cidade.

 

O senhor é candidato ao governo do DF em outubro?

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Eu não serei candidato a nada. E entendo que as forças políticas de Brasília poderiam entender que eu estaria num momento difícil ao buscar apoio para me lançar candidato. Abro mão da minha candidatura ao governo de Brasília.

 

E nas eleições seguintes?

Acho que vou estar muito velhinho, na vida tudo tem o seu tempo, tem o tempo para saber parar.

 

Então, 31 de dezembro de 2010 é o fim de sua vida política?

Infelizmente, será. Não que eu tivesse planejado isso, mas as circunstâncias e uma conversa com a família foram fundamentais para que eu aceitasse esse desafio, doloroso, complicado. Aceito o desafio e paro com a política.

 

Sábado é seu aniversário. Como o senhor vai comemorar?

De uma forma até difícil, tinha uma viagem programada com a família, parte do aniversário no Brasil e parte no exterior. Todo mundo viajou pros EUA e eu ficarei aqui em Brasília, passarei o carnaval em Brasília trabalhando.

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Não vai assistir ao desfile da Beija-Flor sobre Brasília?

Vou ver pela televisão, e torcendo para que a Beija-Flor ganhe.

 

O governo tem encontrado dificuldades para acertar as atrações da festa de comemoração dos 50 anos de Brasília. Quem vem?

Pelo contrário, tem muitos importantes grupos musicais querendo vir cantar para Brasília. Nós já temos contactado NX Zero, Bruno e Marrone, o Paralamas, o Chiclete com Banana. Todos já com propostas definidas, tudo acertado, e estamos buscando agora uma atração internacional.

 

 

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