PUBLICIDADE

Acareação complica ainda mais ACM e Arruda

Por Agencia Estado
Atualização:

Envolvidos no escândalo da violação do painel de votação do Senado, os senadores Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e José Roberto Arruda (sem partido-DF) não conseguiram derrubar a versão dos fatos apresentada pela ex-diretora do Prodasen Regina Célia Peres Borges. Diante dos dois senadores e dos membros do Conselho de Ética e Decoro Parlamentar, ela sustentou ter recebido uma ordem do então presidente do Senado, por intermédio de Arruda, para extrair a lista com os votos da sessão secreta em que foi cassado o mandato do ex-senador Luís Estevão (PMDB-DF). ?Ele me pediu claramente a lista de votos?, disse Regina Borges. A primeira acareação da história do Senado acirrou o impasse entre as versões defendidas pelos três protagonistas do episódio e aprofundou entre os senadores do conselho a impressão de que seus colegas não falaram a verdade integral. ?Tudo o que tínhamos que saber, já se sabe?, resumiu o senador Pedro Simon (PMDB-RS). ?Os fatos são tão reais que é impossível que a senhora tenha sido apenas consultada?. Sem fazer perguntas, ele reafirmou que os dois senadores são responsáveis pelo episódio. Meia verdade e meia mentira ?Isso não é só um violento atentado ao decoro, é violação do sigilo funcional também?, endossou o senador Roberto Freire (PPS-PE). ?Vamos sair daqui sem saber qual é a verdade, ou uma meia verdade, e qual é a mentira, ou a meia mentira?, frisou. Por manter integralmente sua versão, Regina Borges agravou a situação de ACM e Arruda, que não conseguiram refutar seus argumentos. Os dois senadores trocaram desmentidos entre si, mas não conseguiram convencer os membros do conselho. Tênue Contradição qualificada como essencial, a divergência entre uma ordem, pedido e consulta, observada nas versões de Regina Borges e Arruda foi mantida. ?Eu descarto a palavra consulta, absolutamente?, respondeu a ex-diretora do Prodasen após ouvir o ex-líder do governo reafirmar que lhe tivera feito uma consulta, em tom ameno e com a maior tranqüilidade, sobre o grau de segurança do painel de votações. ?A diferença entre ordem e pedido é tênue, dependendo de como chega e da autoridade com que é colocado, um pedido se transforma em ordem?, rebateu. ?A possibilidade de dizer não é o que determina qual a reação?. ?Eu não posso entrar no mérito do que ela entendeu, não sei quais são os seus sentimentos pelo Antonio Carlos, se tem respeito ou medo?, replicou Arruda. ?Estou convencido de ter feito uma consulta?. A ex-diretora do Prodasen foi taxativa ao descartar outra das bases do discurso de Arruda, para quem, diante de uma simples consulta, ela tenha se precipitado e decidido sozinha violar o painel de votações do Senado. ?Se me tivessem pedido apenas para checar a segurança do painel, eu jamais teria violado o sistema?, afirmou. ?Teria sugerido votação por cédulas e mandaria fazer uma varredura?, avisou. José Roberto Arruda foi desmentido também pelo senador baiano. ?Não dei nenhuma autorização ao senador Arruda para tratar desse ou qualquer assunto?, disse ACM. Em seu depoimento, o ex-líder do governo afirmou que teria consultado Regina Borges por causa da preocupação com o grau de segurança do painel externada pelo então presidente da Casa. Escandalizado Embora tenha mantido a versão de que não pediu informação sobre o painel, mais uma vez, ACM não conseguiu esclarecer os motivos que o levaram a telefonar para a ex-diretora do Prodasen para tranqüilizá-la após ter visto a lista com os votos da cassação. ?O Arruda me pediu, mas não falei em lista?, sustentou. ?É muito fácil para os senhores me cobrar não ter me escandalizado?, disse o senador baiano. Regina Borges também descartou ter sido repreendida por ACM em outras ocasiões, mas confirmou ter ouvido reclamações quanto ao funcionamento do painel em duas oportunidades. A ex-diretora do Prodasen chegou ao Senado nervosa, mas foi firme em suas respostas e não entrou em uma contradição sequer com as declarações que já dera ao conselho e à Corregedoria-Geral do Senado. Os dois senadores pareciam acuados. Visivelmente irritado, o senador baiano procurou demonstrar controle da situação e chegou a discutir com seus colegas. Em um momento, pediu ao senador Pedro Simon (PMDB-RS) que ficasse calado. Em outro, demonstrou enfado e aborrecimento por responder à uma pergunta que já lhe fora feita. José Roberto Arruda foi quem demonstrou estar mais incomodado com a situação. O ex-líder do governo estava nervoso, mas não partiu para o confronto. Mas o aparente auto-controle dos dois políticos foi traído pela expressão de seus rostos. ACM e Arruda alternaram, em maior ou menor grau, olhares distantes e perdidos, piscar de olhos nervosos e expressão de surpresa diante de Regina Borges. A acareação transcorreu em clima de tranqüilidade e os momentos mais tensos foram protagonizados pela ex-diretora do Prodasen, que desmontou teses com veemência, e por alguns senadores que colocaram seus colegas em xeque. "Se é verdadeira a versão do senador Arruda, a doutora Regina está mentindo, se é verdadeira a versão da doutora Regina, o senhor está mentindo?, disse Jefferson Peres após ouvir as explicações sobre a origem da lista. ?Alguém está faltando com a verdade?, frisou, após ouvir ACM desmentir Arruda.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.