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Absolvido do mensalão, Professor Luizinho diz que se sente 'ex-presidiário'

Em cerimônia petista na Câmara, ex-deputado falou sobre volta à vida pública; no processo, ele foi acusado pelo crime de lavagem de dinheiro, ao lado do também absolvido Paulo Rocha

Por Denise Madueño
Atualização:

BRASÍLIA - Livres da condição de réu no processo do mensalão, os ex-deputados Professor Luizinho (PT-SP) e Paulo Rocha (PT-PA) reapareceram, nesta terça-feira, 30, em cerimônia petista na Câmara. Os dois, absolvidos pelo Supremo Tribunal Federal (STF) da acusação pelo crime de lavagem de dinheiro, ensaiaram uma volta à vida pública na comemoração da edição número 5.000 do jornal do PT na Câmara."Estou com o sentimento de ex-presidiário. Eu fui julgado, condenado. Fui punido, cumpri pena e agora fui libertado. Mas ainda sinto o preconceito que existe na sociedade contra todos os ex-presidiários", disse Luizinho, líder do governo na Câmara em 2005, quando estourou o escândalo do mensalão. Nos últimos sete anos, Luizinho não ocupou outros cargos eletivos. "Estou sete anos fora da política", disse.

"Os prejuízos foram todos", continuou. "A desonra, o sofrimento da minha família. Agora houve uma demonstração clara da minha honra, mas esse ônus nunca será reposto", completou. Ao contrário de Luizinho, Paulo Rocha evitou conversa. "Não vou falar nada. Ainda está no julgamento", repetia Rocha. O ex-deputado era líder do PT, em 2005, e renunciou ao mandato de deputado para fugir do processo de cassação na Câmara. Além da bancada petista no Congresso e o presidente da Câmara, Marco Maia (PT-RS), o evento reuniu o presidente do PT, Rui Falcão, e o ministro da Educação, o petista Aloizio Mercadante. Rui Falcão afastou qualquer processo de expulsão do partido dos condenados no julgamento pelo Supremo: o ex-ministro José Dirceu, o ex-presidente do partido José Genoino, o ex-tesoureiro Delúbio Soares e o deputado João Paulo Cunha (SP). Embora o estatuto do partido determine a expulsão de filiados condenados "por crime infamante ou por práticas administrativas ilícitas, com sentença transitado em julgado", a norma não será usada pelo partido. "Nenhum deles está incluído (na punição). Não houve desvio administrativo. Quem aplica o estatuto somos nós. Nós interpretamos o estatuto", disse Falcão. O presidente do PT afirmou não temer novas declarações do publicitário Marcos Valério, condenado no julgamento do mensalão, em eventual acordo de delação premiada na Justiça. "Nós do PT não temos nada a temer. É uma decisão dele (Valério)", disse. Na comemoração do jornal editado pela bancada do PT, Falcão afirmou que o partido quer contribuir para ampliar a liberdade de expressão no País. "Que a informação não seja privilégio de poucos, mas de fortalecimento da democracia", discursou.

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