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Abril vermelho já tem 46 invasões de terra

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Por Agencia Estado
Atualização:

Em apenas cinco dias, o Movimento dos Sem-Terra praticamente dobrou o número de invasões em todo o País e hoje já há ocupações em metade dos Estados. Desde que o coordenador do MST, João Pedro Stédile, prometeu "infernizar" o País, 46 propriedades rurais foram tomadas pelos integrantes do grupo, que colocou em torno de 75 mil pessoas nas ocupações. Além do MST, outras 71 entidades, algumas obscuras como o Animação Pastoral Rural (APR), já ocupam 56 fazendas, segundo dados do governo. Nesta quarta-feira, o ministro da Reforma Agrária, Miguel Rosseto, não quis falar sobre o assunto, mas no Acre, onde acompanhou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva terça-feira, ele considerou que há uma "normalidade democrática" no campo. Os dados do governo mostram que no primeiro trimestre do ano, 56 propriedades rurais foram invadidas em todo o País, um número menor do que no ano passado, quando, no mesmo período, foram registradas 222 ocupações. O Nordeste continua liderando o ranking das invasões e é a região onde o governo concentra maior atenção pela violência em que as invasões estão sendo realizadas. Em Pernambuco, onde o MST já invadiu 15 fazendas e cinco engenhos, e na Bahia, onde cinco propriedades rurais estão ocupadas, são os Estados que mais preocupam a área de inteligência do governo. "A mudança de tática pelo MST causa uma certa insegurança. O que ocorreu na Bahia, por exemplo, quando os sem-terra destruíram uma plantação de eucaliptos, pode se estender para Pernambuco, onde os métodos de operação são parecidos", afirma um delegado da área de conflitos agrários da Polícia Federal. A PF está praticamente impossibilitada de acompanhar a movimentação do MST por causa da greve dos agentes. "Nossa área de inteligência, que depende muito dos nossos policiais, está toda parada. Dependemos hoje das polícias estaduais para monitorar e agir em casos de necessidade", diz uma fonte da Polícia Federal. O coordenador do MST em Pernambuco, Jaime Amorim, afirmou nesta quarta-feira que o movimento não dará trégua até o dia 17. "Pretendemos chegar de 30 a 34 ocupações", disse, informando que nesta quinta-feira o MST deverá invadir pelo menos mais quatro propriedades. "As ações do governo não estão refletindo no campo pelo fato de o Incra não ter como concretizar estas ações", disse o coordenador do MST. "Pior do que está, não pode ficar. Hoje vivemos uma situação absoluta de miséria e fome."

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