O resultado do julgamento do Tribunal Regional Federal da 4ª Região (TRF-4) do recurso de Luiz Inácio Lula da Silva contra sua condenação deve ser analisado não somente pela ótica dos perdedores - o ex-presidente e o Partido dos Trabalhadores - à luz das eleições presidenciais de 2018, como também dos vencedores, entre eles os que almejam concorrer no pleito.
Mas, no curto prazo, o maior vencedor é o juiz federal Sérgio Moro, que havia condenado o petista a 9 anos e 6 meses por crime de corrupção e de lavagem de dinheiro.
++Por unanimidade, TRF-4 mantém condenação e aumenta pena de Lula
Desde que o caso do triplex do Guarujá, entre outros na órbita da Lava Jato, caiu nas suas mãos, o juiz Moro foi alvo de uma agressiva estratégia de defesa pelo ex-presidente Lula, incluindo uma tentativa de lhe corroer a credibilidade de julgador do caso.
Quando os três juízes da 8ª turma do TRF-4 mantêm a condenação do ex-presidente e, também por unanimidade, aumenta a pena dele para 12 anos e 1 mês, a derrota de Lula não poderia ser mais estrepitosa.
++ENTENDA O que ocorre com a decisão
Politicamente, o petista foi ferido gravemente pelo julgamento do TRF-4. Mais até do que juridicamente.
Além da unanimidade, que, por si só, já é uma declaração sonora por parte da Corte, os discursos dos três desembargadores foram duríssimos no tocante à culpa de Lula quanto aos crimes que lhe foram imputados.
A condenação e o aumento de pena unânimes roubam de Lula a narrativa de um complô, de que o juiz de primeira instância tinha, desde o início, o intuito de persegui-lo politicamente.
E no mais estrondoso e importante julgamento da Lava Jato até agora, um tribunal de segunda instância deu um endosso crucial para o juiz Moro continuar o seu trabalho, que tanto vem desagradando a velha elite política brasileira.
O endosso do TRF-4 a Sérgio Moro é um novo divisor de águas da Lava Jato.
Outros políticos devem estremecer mais ainda quando caírem na alçada dele.