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A troca de cadeiras no Itamaraty

Por Agencia Estado
Atualização:

O presidente Fernando Henrique Cardoso e o ministro das Relações Exteriores, Celso Lafer, começam a discutir nesta semana a troca de cargos nas principais embaixadas brasileiras no exterior, que deveria ocorrer no fim deste ano. A conversa foi precipitada pela volta do embaixador em Londres, Sérgio Amaral, que vai substituir o ministro do Desenvolvimento, Alcides Tápias. O primeiro diálogo entre o presidente e o chanceler para acertar a dança das cadeira será na sexta-feira, quando os dois voam juntos para o Peru, para ir à cerimônia de posse do presidente Alejandro Toledo. Vários embaixadores estão chegando ao limite de quatro anos permitido para ocupar um posto ou de dez anos para permanecer no exterior. Entre esses diplomatas estão alguns dos que ocupam os postos mais cobiçados, como Paris, Genebra e Bruxelas, por exemplo. O governo terá de reacomodar esses diplomatas e, talvez, políticos. Alguns nomes já foram cogitados nesta quarta-feira para o lugar de Amaral em Londres. O ministro Lafer chegou a entregar uma lista ao presidente com algumas sugestões. Entre os nomes que aparecem na lista está o do embaixador em Portugal, Synésio Sampaio. Este é um cargo que precisa ser desocupado porque o presidente costuma usá-lo para oferecer a políticos monoglotas. O ex-presidente Itamar Franco foi um que ocupou a cadeira de Lisboa no início do primeiro mandato de Fernando Henrique. Agora, o presidente estuda oferecer o cargo ao também monoglota ministro da Justiça, José Gregori, que, de acordo com fontes do governo, será o próximo ministro a cair. Outro forte candidato à vaga de Londres é o atual embaixador em Genebra, Celso Amorim, que precisa desocupar a vaga, não só porque vai completar quatro anos no posto, como porque terá de entregar a cadeira ao subsecretário-geral do Itamaraty, Luiz Felipe de Seixas Corrêa. Outros fortes candidatos são o chefe do cerimonial do Palácio do Planalto, Frederico Araújo, que já serviu duas vezes em Londres, e o chefe da área admistrativa do Itamaraty, Gilberto Veloso. O governo também terá de acomodar o embaixador Jório Dauster, que está deixando a presidência da Vale do Rio Doce. O posto de Londres também poderá ser ocupado pelo embaixador em Berlim, Roberto Abdenur. Neste caso, seria dado a ele um destino considerado justo por alguns diplomatas. Isso porque Abdenur deveria substituir o embaixador Clodoaldo Huguiney na representação do Brasil na União Européia, em Bruxelas. Mas, com a opção de Seixas Corrêa por Genebra, cargo que o ex-ministro Luiz Felipe Lampreia havia prometido ao subsecretário de Assuntos Econômicos, José Alfredo Graça Lima, o chefe em Bruxelas passará a ser o principal negociador brasileiro. Antes de anunciada a nomeação de Amaral para o Ministério do Desenvolvimento, uma outra decisão do presidente envolvendo cargos no exterior já havia adiantado o clima de especulação sobre esses postos. Com a renúncia do ex-senador Antonio Carlos Magalhães, a volta do embaixador na Itália, Paulo de Tarso Flexa Lima, seu afilhado político, já era dada como certa. Segundo fontes do Itamaraty, tanto a embaixada de Roma como a de Londres estão nas mãos do presidente. Um forte candidato para ocupar o cobiçado Palácio Panphili de Roma é o embaixador José Botafogo Gonçalves, representante especial do presidente para o Mercosul. Criado especialmente para lidar com as crises do bloco, o cargo de Botafogo será cancelado no fim do governo. O problema é que o embaixador acaba de assumir novas atribuições em Brasília, e o Mercosul passa pela sua pior crise.

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