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À polícia, boxeadores pediram para voltar a Cuba

Por Vannildo Mendes e BRASÍLIA
Atualização:

No primeiro depoimento à Polícia Federal, na quinta-feira, os boxeadores cubanos Guillermo Rigondeaux Ortiz e Erislandy Lara Zantaya disseram que queriam voltar para Cuba. "Desejo mil vezes, estou louco para voltar", afirmou Rigondeaux. "Amo meu país e meus familiares", reforçou Erislandy. Os dois foram dados como desertores após terem abandonado a delegação cubana durante os Jogos Pan-Americanos, no Rio. Localizados pela Polícia Militar do Rio quinta-feira em Araruama, ele foram deportados sábado à noite. O caso causou preocupação entre os senadores, que na segunda-feira decidiram convocar o chanceler Celso Amorim a dar explicações. Ontem, o Ministério da Justiça divulgou nota informando que Rigondeaux e Lara foram enviados a Cuba porque manifestaram vontade de deixar o País e não quiseram pedir asilo político. O episódio, de acordo com o documento, "foi resolvido na forma da lei e da Constituição, com atendimento ao direito de escolha dos atletas". A nota confirma que a PM encontrou os dois em Araruama e passou-os à custódia da PF de Niterói por orientação da Secretaria Nacional de Segurança Pública do ministério, onde deram o primeiro depoimento. Nesse momento, sem a presença de autoridades cubanas, foi oferecido refúgio político, mas os atletas recusaram. Nesse dia e no depoimento à PF sábado, com a presença do cônsul cubano, Tomas Isac Mendez Parra, poucas horas antes do embarque para Cuba, eles relataram que deixaram a Vila Olímpica para comprar um videogame em 20 de julho e foram abordados por dois homens - "Michel" e "Alex" -, com credenciais de repórteres. Disseram que os homens se prontificaram a acompanhá-los na compra e depois fizeram a proposta de levá-los para a Alemanha, que alegaram ter recusado. Os atletas teriam sido dopados pelos aliciadores e levados para a praia onde foram achados pela PM. Segundo a nota do ministério, os dois boxeadores afirmaram que foram eles que pediram a um pescador que chamasse a polícia. "Nos depoimentos, os atletas afirmaram ainda não desejarem refúgio, pois disseram ?amar o seu país, seus familiares, não ter problemas políticos ou religiosos, bem como serem personalidades? em Cuba", diz o texto. "A PF cumpriu todas as determinações legais que se aplicam ao caso e cometeria flagrante ilegalidade e desrespeito às normas internacionais se detivesse os atletas no Brasil contra a sua expressa manifestação de vontade."

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