A pedido da Funai, Força Nacional vai a Sindrolândia

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Por LUCIA MOREL
Atualização:

Parte do efetivo da Força Nacional se deslocou nesta quinta-feira para Sidrolândia, a pedido da Fundação Nacional do Índio (Funai) para conversar com as lideranças indígenas. O comandante da Polícia Militar de Mato Grosso do Sul, coronel Carlos Alberto David dos Santos, coordena a operação e informou que uma equipe foi até o município para explicar como será a atuação da Força Nacional na região.Após essa reunião, os 110 policiais da segurança nacional irão permanecer na região do conflito, mas apenas nas estradas de acesso às fazendas e não dentro das propriedades, junto com os indígenas. "Um efetivo foi para lá para explicar como será a atuação da Força Nacional, que não veio para fazer a reintegração, mas para pacificar".FazendeirosProdutores rurais das terras invadidas por indígenas na cidade de Sidrolândia (MS) estão indignados com a decisão do Tribunal Regional Federal da 3ª Região (TRF 3) que suspendeu a retirada dos terenas da região. O proprietário da Fazenda Buriti, Ricardo Bacha, afirma que a Justiça está "lavando as mãos" e se eximindo de tomar uma atitude frente à situação de conflito instalada na região. "Temos uma decisão do próprio TRF de que a terra não é indígena. Se eles mesmos disseram isso, por que agora vêm suspender? Eu acho isso uma contradição muito grande".Para o pecuarista, a Justiça está "dançando o samba do crioulo doido" porque "não existe estabilidade jurídica". Bacha afirma que vai acatar a decisão do TRF3 e aguardar até que se tenha outra definição da situação. "Eu vou aguardar a Justiça e cumprir a lei, porque eu cumpro a lei, quem não cumpre são os índios", disse.O vizinho de área, Vanth Vanni, dono da Fazenda Cambará, também invadida, tem um discurso mais inflamado. "Consegui tirar parte do gado. Outra parte os índios estão carneando", contou. Para ele, o que está ocorrendo na região é "banditismo". Vanni lembrou de decisão anterior do TRF 3, sobre a ação de demarcação de terras, em que os desembargadores do tribunal concluíram que as terra das fazendas não eram tradicionalmente indígenas. "O que mais me admira é a Justiça me mandar aguardar uma decisão final se hoje a posse da terra é minha. Já há a legalidade estabelecida".O produtor afirmou que a decisão do desembargador José Lunardelli foi mais "política que legal". "O governo tem que ter uma atitude política de resolver logo e comprar as terras. Porque se eles não aceitarem isso, nós vamos retomar a terra, e não vamos perder, não".JozielO quadro de saúde de Joziel Gabriel, atingido por um tiro na tarde do dia 4 de junho durante uma ação dos terenas em uma fazenda vizinha à Buriti, é estável. O diretor técnico da Santa Casa de Campo Grande, Luís Alberto Kanamura, explicou que o indígena pode inclusive receber alta na próxima semana.O médico ponderou que Joziel vai passar por um exame de ressonância magnética na semana que vem e que o resultado é que vai definir se ele deverá ou não passar mais tempo internado. "Está prevista uma ressonância para ele semana que vem para verificar a lesão na medula. Dependendo do resultado, ele recebe alta", disse. O indígena ainda corre o risco de ficar paraplégico "com ou sem cirurgia". "Ele pode, sim, ter sequelas", afirmou o médico.

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