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À frente do BTG, André Esteves fez patrimônio do banco crescer 10 vezes

Dono de um banco de mais de R$ 300 bilhões em ativos, história de banqueiro se confunde com a da instituição

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Foto do author Aline Bronzati
Foto do author Fernanda Guimarães
Por Aline Bronzati (Broadcast) e Fernanda Guimarães
Atualização:
O banqueiro André Esteves, do BTG Pactual Foto: Nacho Doce/Reuters

São Paulo - O banqueiro André Santos Esteves, preso nesta quarta-feira, 25, no âmbito da Lava Jato, é dono de um banco de mais de R$ 300 bilhões em ativos. Sua história e a do BTG Pactual se confundem. Ingressou como analistas de sistemas, em 1989, no então apenas Pactual. Quando já era sócio do Pactual, participou da venda do banco para o suíço UBS por US$ 3,1 bilhões, em 2006, para três anos depois recomprá-lo por menos. Na época, desembolsou US$ 2,5 bilhões e criou o BTG Pactual.

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De lá para cá, tornou-se um dos maiores bancos de investimentos do País e viu seu lucro anual crescer mais de cinco vezes, enquanto os ativos multiplicaram-se por dez. Em seus mais de 30 anos, desde quando era apenas o Pactual, marcou presença entre as principais operações financeiras e também as mais complexas. Ajudou a viabilizar projetos como as empresas X, de Eike Batista, a Sete Brasil, criada para operar as sondas da Petrobras, e várias outras. Foi grande atuante no boom de ofertas de ações, em 2007, quando foram feitas mais de 70 operações, incomodando concorrentes como o Credit Suisse. 

Apesar do ganho com a recompra do Pactual, que viria a se tornar o seu próprio banco, em palestras sobre sua trajetória, Esteves dizia que vender o Pactual ao UBS teria sido seu "maior erro" e que teve "muita sorte" em comprá-lo dos suíços anos depois. Na época em que ingressou no Pactual, trocou o emprego na Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ) para ganhar menos em um negócio que desconhecia. Seu salário começou em R$ 400,00. 

À revelia de sua mãe que, segundo ele, tinha "mentalidade de petista antigo", foi "seduzido" pela promessa de ter bônus semestrais, promoções, uma vez que a gestão priorizava a meritocracia, e ainda a possibilidade de se tornar sócio do banco no futuro, o que se concretizaria quatro anos depois. Apesar disso, teve de ouvir, na época, de sua mãe: "Banco filho? E você vai acreditar em um banqueiro?".

No caso de Esteves, mais do que sócio, virou dono do banco. O modelo de partnership no BTG Pactual, em que os executivos também são sócios do banco, segue até hoje. Conta, atualmente, com 58 sócios e 145 associados. Esteves não tem uma sala única. Sua mesa fica entre as dos outros sócios em um mesmo salão, em um prédio na Faria Lima, em São Paulo. A estrutura de gestão do banco é horizontal. 

Esteves passou por diversas áreas no Pactual em seus 17 anos de banco até a venda da instituição para o UBS. Tornou-se sócio em 1993 e foi membro do comitê executivo em 2002. Sua ambição, porém, sempre foi ter uma multinacional financeira global. Criou unidades na América Latina, Estados Unidos, Europa e África do Sul. O último e maior passo foi a compra do banco suíço BSI, concluída esse ano e que gerou um grupo de US$ 186 bilhões em ativos.

No ano passado, conforme ranking de financiamento de projetos da Associação Brasileira das Entidades dos Mercados Financeiro e de Capitais (Anbima), o BTG ficou na terceira colocação como assessor financeiro de leilões de concessão, considerando valores. Em fusões e aquisições (M&A, na sigla em inglês), galgou a segunda posição ao final de junho. Também tem posição de destaque nos demais rankings.

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Ao final de setembro, o BTG somava patrimônio líquido de R$ 22,119 bilhões. Apesar de ter caído no terceiro trimestre, seu índice de Basileia, que mede o quanto o banco pode emprestar sem comprometer o seu capital, de 14,3%, é superior ao mínimo exigido pelo Banco Central, de 11%. 

Formado em matemática pela UFRJ, além de presidente do BTG, Esteves foi diretor da Federação Brasileira de Bancos (Febraban) e atualmente integra ainda o conselho de administração da BM&FBovespa. Com perfil enérgico, sempre acreditou que correr riscos era parte do progresso e que erros não só acontecem como ensinam. 

Após sua prisão na manhã de hoje pela Polícia Federal, o BTG informou, em nota, que "está à disposição das autoridades para prestar todos os esclarecimentos necessários e que vai colaborar com as investigações". Procurada, a BM&FBovespa não comentou.