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A essa altura é muito difícil tapar o sol com a peneira, diz FHC sobre Lava Jato

Ex-presidente comentou sobre nova etapa da operação que levou à prisão os presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierrez, maiores empreiteiras do País

Por Luciana Nunes Leal
Atualização:
O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB) Foto: Antonio Batalha/Divulgação

Rio - O ex-presidente Fernando Henrique Cardoso comentou as investigações da operação Lava Jato, que teve sua 14ª fase deflagrada nesta sexta-feira, 19, com as prisões dos presidentes da Odebrecht e da Andrade Gutierres, as maiores empreiteiras do País. O tucano defendeu as investigações, aproveitou para alfinetar os partidos da base aliada do governo envolvidos no esquema e disse que "a essa altura é muito difícil tapar o sol com a peneira".

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"É um momento complexo, porque afeta as empresas. Mas não se trata só que as empresas fizeram isso ou aquilo. São os governos que não só concordaram, mas participaram, ou pelo menos os partidos que sustentavam os governos participaram do mesmo esquema. Isso tem que ser analisado com mais vigor. Os empresários estão na cadeia. E os outros? Espero que as instituições continuem funcionando, não quero me antecipar a julgamentos. A esta altura é muito difícil tapar o sol com a peneira", afirmou o ex-presidente após participar de almoço da Federação das Indústrias do Rio de Janeiro.

Economia. Durante o evento, Fernando Henrique não poupou críticas à condução da economia pelo governo Dilma. Ele criticou o apelo do governo federal atualmente em torno do pacote de concessões para obras de infraestrutura. "Não adianta novo projeto de infraestrutura se não tem organização, competência, liderança para mostrar qual é o rumo", afirmou.

Ele apontou ainda o que considera erros da política econômica dos governos petistas, que segundo ele apostou no estímulo ao crédito fácil. Fernando Henrique afirmou, no entanto, que tem expectativa de uma união de forças para a recuperação econômica e política do país. 

O ex-presidente também falou sobre as contas do governo Dilma Rousseff. Ele disse que, se o Tribunal de Contas da União (TCU) rejeitar as contas do governo Dilma, "será um fato grave". "Cobrar explicações diretamente ao presidente da República é uma coisa inédita. Não sou especialista, mas pelo que dizem há motivos para a rejeição ou pelo menos (aprovação) com fortes ressalvas, por abuso da Lei de Responsabilidade Fiscal". 

Sobre o fato de o ex-secretário do Tesouro Arno Agustin ter assumido responsabilidade pelas manobras, FHC respondeu: "É mais grave ainda.Ele pode reconhecer o que quiser, a responsabilidade não é dele. Ninguém toma essa decisão em nível do secretário".

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