A 'El País', Dilma diz que impeachment que tramita no Congresso é antidemocrático

Presidente ainda afirmou, em entrevista, que querem a renúncia 'para evitar o constrangimento' de tirá-la do cargo de forma ilegal

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Por Redação
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Em entrevista a correspondentes estrangeiros em Brasília, a presidente Dilma Rousseff afirmou, de acordo com o jornal El País, da Espanha, que o processo de impeachment que tramita contra ela no Congresso é antidemocrático e disse que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva vai fazer parte do governo, na Casa Civil ou como assessor.

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"Nós tivemos golpes de Estado militares em nossa história. Em um sistema democrático, estes golpes mudam de modo. Cada regime tem o seu tipo de golpe. A Constituição garante direitos e em um golpe você subverte esses direitos e perverte a ordem democrática. E isso é perigoso. Sem base legal, este processo é um golpe contra a democracia. E as consequências disso não as sabemos, porque não temos a capacidade de prever o futuro", disse Dilma.

A presidente defendeu também que o processo de impeachment "está baseado em algo legalmente muito débil". A petista voltou a negar veementemente que irá renunciar ao cargo. "Pedem que eu renuncie para evitar o peso de tirar de forma ilegal, indevida e criminal uma presidenta eleita. Pensam que devo estar muito afetada, que devo estar completamente desestruturada, muito pressionada. Mas não estou assim, não sou assim."

Presidente Dilma Rousseff Foto: Dida Sampaio|Estadão

Dilma também atacou o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). "Para evitar que a Câmara o investigasse, ele quis negociar com o governo: se nós não votássemos contra essa investigação, colocaria em marcha o processo. Cunha foi denunciado pela Procuradoria-Geral da República porque encontraram cinco contras dele na Suíça. Não sou eu quem diz isso: é a Procuradoria-Geral da República."

Em relação à polêmica nomeação de Lula ao cargo de chefe da Casa Civil, Dilma disse que os opositores querem criar um problema onde não há. "O que se passa é que Lula iria fortalecer meu governo e os partidários do 'quanto pior, melhor' não querem que isso aconteça. A história é que estamos tentando que ele venha. Agora, lhes digo uma coisa: ou ele vem como ministro ou como um assessor, de uma maneira ou de outra. Vamos trazê-lo para ajudar o governo. Não há nenhuma maneira de impedi-lo", disse Dilma. O El País informa que a entrevista completa será divulgada nesta sexta-feira.