A aliados, Cunha afirma que impeachment ficará para 2016

Em jantar com deputados peemedebista na semana passada, presidente da Câmara disse ainda acreditar que Congresso não rejeitará contas do governo e que fez acordo com o Planalto para aprovação da DRU

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Por Daniel de Carvalho
Atualização:

Atualizado dia 19/11 BRASÍLIA - Em jantar com deputados aliados, o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), disse não ver chances de abrir o processo de impeachment da presidente Dilma Rousseff neste ano. Segundo relatos de participantes do encontro, ocorrido na semana passada, ele confidenciou entender que o impedimento perdeu apoio popular e criticou o PSDB, partido que rompeu com Cunha. O presidente da Câmara afirmou ainda acreditar que as contas do governo não serão rejeitadas pelo Congresso e disse ter negociado com o Planalto a aprovação da Desvinculação de Receitas da União (DRU) em troca da aprovação das emendas impositivas de bancadas.

O presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ) Foto: André Dusek|Estadão

O encontro ocorreu na quarta-feira da semana passada, na residência oficial da presidência da Câmara. “Comentando sobre o impeachment, ele falou claramente que não vê nenhuma possibilidade de este impeachment sair este ano. Ele entende que o impeachment tem de ter um apoio popular grande, que enfraqueceu demais”, disse o deputado Hildo Rocha (PMDB-MA), um dos aliados que compareceram ao jantar.“Mas não falou de prazo, de quando vai tomar a decisão dele. Se houver, é para 2016.” Alvo de pedido de cassação no Conselho de Ética da Casa, Cunha queria o apoio da oposição para não perder o mandato. O presidente do PSDB, senador Aécio Neves, no entanto, anunciou semana passada que seu partido não estará ao lado do presidente da Câmara, que agora tenta se aproximar do governo federal. Antes de romper com Cunha, a oposição, liderada pelo PSDB, havia dado prazo até o último dia 15 para Cunha se pronunciar sobre o pedido de impeachment protocolado pela advogada Janaína Pascoal, pelo promotor aposentado Hélio Bicudo e pelo ex-ministro da Justiça Miguel Reale Júnior. ‘Sem sentido’. Segundo Rocha, Cunha disse que os fundamentos de alguns pedidos que estão em sua gaveta “não têm sentido nenhum”. “Ele citou um que eu até achei graça. Um cara pegou notícia de jornal, uma coisa assim.” O parlamentar disse que, para Cunha, o impeachment só “virá com força total” se as contas de Dilma forem rejeitadas. “Porém, ele acredita que as contas não serão rejeitadas no Congresso”, afirmou. Correligionários e setores da oposição questionaram o momento em que essas informações foram vazadas. Eles ponderaram que a informação pode der sido divulgada ontem para passar um sinal ao PT e conquistar os votos do partido de Dilma no Conselho de Ética a favor de Cunha na sessão prevista para a manhã de hoje. Questionado pelo Estado sobre as declarações, Cunha desconversou e disse que são “opiniões esparsas”, vindas de aliados diferentes. Tucanos. No jantar, Cunha demonstrou insatisfação com o PSDB. “Ele falou da forma como o PSDB tratou ele dois dias atrás, dizendo que estava junto com ele e, dois dias depois, mudou de ideia, sem dar satisfação. Ele não ficou colérico, mas ficou chateado”, afirmou. O deputado Darcísio Perondi (PMDB-RS) participou do encontro e confirmou em parte o relato de Rocha. “Este ano não tem mais nada (de impeachment). Ele disse que o PSDB abandonou o barco, que só no ano que vem para pensar”, afirmou. Parlamentares que jantaram com Cunha ainda disseram que o peemedebista negociou com o governo a aprovação da DRU em troca da aprovação das emendas impositivas de bancada, uma de suas promessas de campanha a presidente da Câmara. “Este acordo é que se aprova a DRU desde que sejam aprovadas as emendas impositivas dos Estados”, disse Rocha. Na conversa, discutiu-se até os porcentuais das emendas. Cunha quer 1,2%. O governo quer 0,6%. Mas o acordo deve ficar em 0,8%. Segundo Perondi, o presidente da Câmara afirmou estar negociando com o governo há um mês. Ao Estado, Cunha confirmou acordo para aprovar a DRU “junto com o impositivo de bancada”. Quanto à aprovação das contas de Dilma, o presidente da Câmara deu uma versão diferente. “Falei que acho que o Senado não rejeita.” / COLABOROU IGOR GADELHA 

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