50% das empresas do Brasil foram sondadas a participar de corrupção, diz pesquisa

PUBLICIDADE

Por Agencia Estado
Atualização:

Uma em cada duas empresas brasileiras já foi submetida a pedidos de pagamento de propinas, tanto em processos de licitações em obras públicas, como para obter relaxamentos na fiscalização tributária. A constatação é de uma pesquisa com 92 empresas consultadas para a elaboração da pesquisa Fraude e Corrupção no Brasil, promovida pela organização não governamental Transparência Brasil e pela empresa de gerenciamento de riscos Kroll. Cerca de um terço das empresas consultadas, principalmente as industrias, afirma que recebeu pedidos de propina para conseguir a concessão de licenças de funcionamento, de acordo com a enquete. Cerca de 70% das empresas relatam que já foram compelidas a contribuir para campanhas eleitorais. Destas, 58% referem a promessa de "vantagens" em troca do financiamento das campanhas, enquanto as restantes 42% não responderam à pergunta. "Assim, nenhuma das empresas que se sentiram compelidas a fazer contribuições eleitorais declarou não ter havido menção a vantagens", afirma o texto do relatório da pesquisa. Os resultados da pesquisa serão oficialmente apresentados nesta quinta-feira, em São Paulo, pelo presidente da Kroll Brasil e pelo secretário geral da Transparência Brasil, Cláudio Weber Abramo. Ainda de acordo com a pesquisa, os principais focos da corrupção se apresentam nas esferas municipal e estadual. Policiais e fiscais tributários foram apontados como os agentes públicos com mais probabilidade de cobrarem propinas. Na área tributária, o ICMS foi indicado como o mais vulnerável à corrupção, principalmente por empresas do setor financeiro. Além do pagamento de propinas, as empresas afirmam que a oferta de presentes, mordomias e empregos para parentes em troca de favores também é sugerida com freqüência pelos agentes públicos corruptos. Mas nem tudo é negativo neste universo. Os empresários foram quase unânimes em afirmar que vêem uma possibilidade de diminuição da corrupção e avaliam que ela já começou a sofrer reduções significativas nos últimos três anos. Como solução para o problema da corrupção, as empresas sugerem maior rigor na fiscalização e punição exemplar dos agentes públicos e administradores corruptos. Num outro universo de 84 empresas pesquisadas, 86% consideraram "uma ameaça" o problema das fraudes realizadas por funcionários e 65% disseram que já foi vítima delas. Mesmo assim, apenas 63% declararam que adotam mecanismos internos de prevenção à fraude. Na grande maioria dos casos, as fraudes foram identificadas por denúncias de funcionários, clientes ou de outras partes envolvidas. A pesquisa começou a ser realizada em fevereiro deste ano, a partir de uma página criada na internet. Cerca de 3.500 empresas dos diversos segmentos produtivos foram convidadas, mas apenas 92 responderam aos questionários sobre corrupção e outras 86 sobre as fraudes. Um terço dos questionários foi preenchido por funcionários do alto escalão das empresas consultadas, como presidência e diretoria, e os demais por funcionários de média gerência e assessoria, como advogados, auditores e analistas.

Comentários

Os comentários são exclusivos para assinantes do Estadão.