40 crianças indígenas se recuperam de subnutrição em MS

Na última quarta-feira, uma menina caiová de 2 anos morreu por subnutrição na região

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Por João Naves
Atualização:

Quarenta índios com menos de 5 anos estão internados no Centro de Recuperação da Criança Subnutrida em Dourados, a 220 quilômetros de Campo Grande. Pelo menos outros 40 na mesma faixa etária passam mensalmente pelo Hospital Universitário da cidade, vindos de toda a região sul de Mato Grosso do Sul. "São quase 2.300 crianças atendidas pela Funasa. Desse total, 14% estão sob risco de desnutrição e 8% estão desnutridas", afirma o coordenador de Saúde Indígena da Fundação Nacional de Saúde no Estado, o médico Zelik Trajber. O caso mais recente de morte por subnutrição ocorreu na última quarta-feira. A caiová Francieli de Souza, que vivia na Aldeia Jaguapiru, morreu aos 2 anos. Para Zelik Trajbjer, o problema está longe de ser solucionado. Uma das dificuldades, afirma o médico, é a superpopulação nas aldeias. Na Reserva Indígena de Dourados, exemplifica, quase 12 mil índios vivem em pouco mais de 3 mil hectares. O coordenador diz ainda que a localização da reserva - a apenas três quilômetros do centro de Dourados - deixa os índios mais vulneráveis. Entre os problemas, a aids, o uso de drogas e o alcoolismo. Trajbjer afirma que as crianças que vivem nas famílias sob risco, calculadas em 80 somente no município de Dourados, são as que mais preocupam. "Essas famílias têm problemas graves, entre eles o pior de todos, que é o alcoolismo", diz o médico. Segundo ele, a família da garota Francieli é uma do grupo de risco. "A menor vinha sendo assistida desde o nascimento, em maio de 2005, mas a mãe tirou várias vezes a filha do hospital. "Em 2001, quando a Funasa assumiu a saúde indígena em Mato Grosso do Sul, principalmente em Dourados, a maioria dos casos de óbitos era por diarréia, subnutrição e pneumonia. De 2005 para cá, o quadro mudou para acidentes cardiovasculares, enforcamentos, assassinatos e até Aids. Somente assassinatos foram registrados nove este ano. São cinco ou seis casos de Aids em tratamento e três mortes de índios que chegaram contaminados na aldeia." Para ele, um caminho é a adoção de sistemas que permitam a auto-sustentação das tribos.

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