19 sanguessugas receberam R$ 6,15 milhões

Os parlamentares fizeram 606 emendas, entre 2000 e 2006, e receberam 293 pagamentos da máfia das ambulâncias

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Por Agencia Estado
Atualização:

Técnicos e auditores de contas a serviço da CPI dos Sanguessugas concluíram o rastreamento sobre 19 dos 72 parlamentares acusados de envolvimento com a máfia das ambulâncias. Os 19 receberam R$ 6,15 milhões, 12 deles em conta própria e os outros 7 em contas de assessores ou de familiares. O dossiê dos parlamentares já rastreados foi encaminhado nesta quarta-feira, 16, ao Conselho de Ética. O campeão da propina, que indica o mapa da mina, é o deputado Lino Rossi (PP-MT). Ele recebeu 119 pagamentos que somaram R$ 3 milhões, metade do montante captado pelos outros 18. Rossi fez 47 emendas direcionadas para 28 prefeituras de seu Estado. A Polícia Federal reuniu evidências de que foi ele quem abriu as portas do Congresso para a quadrilha. Lino Rossi desistiu de tentar à reeleição e comunicou sua decisão ao Tribunal Regional Eleitoral em Cuiabá, nesta quarta-feira, mas não vai renunciar ao mandato. Ao Conselho de Ética, Lino Rossi planeja entregar uma carta do empresário Darci Vedoin, da cúpula da máfia, que lhe teria pedido desculpas por tê-lo incluído no escândalo. O deputado sustenta que Vedoin financiou sua campanha em 2002, daí os cheques emitidos pelo empresário a seu favor. Os 19 investigados, contra os quais as provas são consideradas contundentes, fizeram 606 emendas entre 2000 e 2006, beneficiando 404 municípios de 12 Estados. O dossiê mostra que eles receberam 293 pagamentos da máfia. Os técnicos definiram tais aportes como "transações". Campeões da lista O segundo colocado no ranking da propina é o deputado Ricarte de Freitas (PTB-MT), com 27 emendas para 16 prefeituras. Recebeu 14 pagamentos que totalizaram R$ 747,94 mil. O terceiro da lista é Nilton Capixaba (PTB-RO), com 42 emendas para 23 prefeituras. Em 48 pagamentos, embolsou R$ 646 mil. Fernando Gonçalves (PTB-RJ) aparece em quarto lugar entre os mais bem aquinhoados. Autor de 28 emendas destinadas a 28 prefeituras, Gonçalves faturou 11 pagamentos que somaram R$ 411,5 mil. Cleuber Carneiro (PFL-MG), com 20 emendas destinadas a 10 prefeituras, e Edna Macedo (PTB-SP), 7 emendas para 2 prefeituras, são os que menos receberam em valores, o que para a CPI não diminui seu grau de comprometimento. Carneiro ficou com R$ 14,4 mil e Edna com R$ 10 mil, dinheiro que foi para a conta do filho dela, Otavinho Bezerra. Grupos "Estou impressionado", declarou o deputado Júlio Redecker (PSDB-RS), sub-relator da CPI que investiga a ação da máfia em setores do Executivo, incluindo prefeituras, ministérios e governos estaduais. Ele destacou os resultados do cruzamento de dados realizado pelos técnicos do Tribunal de Contas da União, Banco Central e Controladoria-Geral da União recrutados pela CPI. "Ainda vamos ter boas surpresas". Os 19 parlamentares relacionados na primeira fase do mapeamento foram divididos em dois grupos. O grupo 1 é o que concentra 12 nomes, aqueles em que os depósitos caíram na própria conta. O grupo 2 reúne 7 parlamentares que receberam dinheiro por meio da conta de assessores ou de familiares. A CPI vai pedir a quebra do sigilo bancário, fiscal e telefônico desses deputados. A fraude passava por convênios do Ministério da Saúde com as prefeituras que promoviam licitações direcionadas. Parlamentares reuniam-se com prefeitos para indicar as empresas que deveriam ser contratadas para fornecimento de ambulâncias e equipamentos médicos.

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