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138 trabalhadores do Grupo J. Pessoa em regime escravo

Por Agencia Estado
Atualização:

Procuradores do Ministério Público do Trabalho e agentes da Polícia Federal encontraram 138 trabalhadores rurais em condições degradantes a serviço da Usina Santa Cruz, em Campos dos Goytacazes, no Norte Fluminense. A usina pertence ao Grupo J. Pessoa, um dos maiores do País, com 10 mil empregados distribuídos por cinco Estados. ?Essa situação envergonha o Rio de Janeiro. É difícil acreditar que em pleno século 21 não tenhamos superado esse problema de trabalho escravo?, reagiu o deputado estadual Alessandro Molon (PT), presidente da Comissão do Trabalho da Assembléia Legislativa, que acompanhou a investigação. O presidente do Grupo J. Pessoa, José Pessoa de Queiroz Bisneto, negou que mantenha funcionários em condições degradantes. ?Todos os meus empregados são registrados?, garantiu Pessoa. Ele lembrou que liderou uma campanha para erradicação do trabalho infantil no Mato Grosso do Sul e que é integrante do Instituto Ethos de Responsabilidade Social. O empresário foi um dos que trabalhou pela eleição do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. De acordo com o procurador Wilson Roberto Prudente, os 138 funcionários foram arregimentados em Minas Gerais, Maranhão e Espírito Santo e cortavam cana nas fazendas do distrito de Dores de Macabu. Eles estavam divididos em oito alojamentos precários. Prudente confirmou que todos tinham carteira assinada. ?Mas do salário registrado em carteira, de R$ 290, os empregadores descontavam moradia e alimentação, o que deixava R$ 35 para cada um. Eles não voltam para seus Estados porque não têm dinheiro para isso?, afirmou. Prudente informou que Pessoa vai responder a ação civil pública por danos morais coletivos. O procurador pedirá indenização de R$ 5 milhões. ?O Grupo J. Pessoa é reincidente. Na safra passada ele foi denunciado por crime semelhante?, afirmou. O presidente da empresa e Silva também serão indiciados por transportar trabalhador de uma localidade a outra do País e reduzir uma pessoa a condição análoga a de escravo ? crimes que prevêem pena de até oito anos de prisão.

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