Vereadores donos de redutos eleitorais perdem espaço na Câmara

Apesar de liderarem votações em bairros de origem, mais votados não se elegem na capital paulista; grupos organizados, como igrejas, foram mais bem sucedidos

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Por Redação
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Ser líder de votos para vereador em uma região de São Paulo não garante um gabinete no Palácio Anchieta, sede da Câmara Municipal. Das 58 seções eleitorais da capital, em 13 o nome mais votado nas urnas ficou fora da lista de titulares da próxima legislatura. No sentido inverso, candidatos com vínculo a grupos organizados, como igrejas, ampliaram sua participação na Casa.Os candidatos mais votados em bairros como Vila Maria, na zona norte, Ipiranga (sul), Rio Pequeno (oeste) e Guaianases (leste) não conseguiram uma das 55 vagas da Câmara. Em 2008, isso ocorreu em 9 regiões.Isso ocorre porque o Brasil adota o sistema proporcional nas eleições legislativas - a exceção é o Senado. Quem conquista as vagas são os partidos ou coligações, que formam a lista de eleitos com os mais votados em toda a cidade, no caso dos vereadores, ou no Estado, em relação aos deputados. No sistema distrital, a disputa seria regional: o mais votado de cada área (chamada distrito) seria eleito, independentemente da performance global do partido ou coligação.Historicamente líder de votos para vereador na Vila Maria e na Vila Sabrina, zona norte, Wadih Mutran repetiu a vitória nessas regiões, mas ficou apenas como 1.º suplente de sua coligação, que incluiu PT e PSB. Também perdeu a cadeira na Câmara o petista Zelão, mais votado em Guaianases, e o ex-tucano Juscelino Gadelha (PSB), preferido dos eleitores do Rio Pequeno.O Jardim São Luís - terceiro bairro mais populoso da capital, com 223 mil habitantes - pela segunda eleição consecutiva teve o candidato mais votado da região fora da lista de eleitos. Em 2012, isso ocorreu com João Carlos Camisa Nova (DEM). A situação se repetiu em bairros como Jaçanã, Tucuruvi e Lauzane Paulista, todos na zona norte.Setores. Sem a eleição dos campeões regionais, cresce o número de vereadores "organizados". O futuro prefeito terá de lidar com uma Câmara mais setorizada, com bancadas temáticas fortalecidas pelas urnas - evangélicos, perueiros, comerciantes, policiais e representantes de clubes de futebol ganharam espaço no próximo Legislativo.A bancada de evangélicos subiu de 7 para 11 integrantes. As Igrejas Mundial, com o pastor Edemilson Chaves (PP), e Universal, com Jean Madeira (PRB), elegeram novos representantes. O grupo eleito com a bandeira da segurança inclui Coronel Telhada (PSDB) e o capitão reformado Conte Lopes (PTB). Nos transportes, o reforço vem com o petista Vavá dos Transportes."As urnas inflaram os grupos com maior nível de organização da sociedade. Elas mostraram que os perueiros, por exemplo, exercem uma forte influência sobre o eleitorado da periferia, apesar de defenderem quase sempre apenas uma categoria", diz Marco Antonio Teixeira, cientista político da Fundação Getúlio Vargas (FGV).

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