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Venezuela investiga notícia de massacre em reserva ianomâmi

Cerca de 80 deles teriam sido mortos há um mês perto da fronteira, por garimpeiros em área indígena no país vizinho

Por LOIDE GOMES e BOA VISTA
Atualização:

O Consulado da Venezuela em Roraima confirmou que o Ministério Público daquele país investiga a denúncia de um massacre de índios ianomâmi por garimpeiros brasileiros em território venezuelano, na fronteira entre os dois países. A informação extraoficial é de que cerca de 80 índios do subgrupo Sanomã teriam sido atacados pelos garimpeiros, há cerca de dois meses, na aldeia Irothatheri, próxima à aldeia brasileira de Auaris, onde o Exército mantém um pelotão de fronteira. O administrador da Fundação Nacional do Índio (Funai) em Roraima, André Vasconcelos, informou que enviou duas equipes para investigar a denúncia, mas do lado brasileiro da reserva ianomâmi não foram encontrados indícios do massacre."Circula entre os índios a notícia das mortes", disse Vasconcelos. Ele fez um comunicado oficial a Brasília sobre o caso.A presença de garimpeiros em terras ianomâmi, que abrange territórios do Sul da Venezuela e do Norte do Brasil, é um dos mais graves problemas enfrentados pelos indígenas, que ainda são considerados um grupo isolado pela Funai. Criada em 1992, a reserva tem 96,6 quilômetros quadrados de extensão, abriga cerca de 20 mil índios e é rica em minérios. A atividade ilegal provoca sérios danos ambientais, como a contaminação dos rios pelo mercúrio, utilizado na extração do ouro. A Polícia Federal iniciou há um mês em Roraima a operação Xawara, para combater a garimpagem na reserva. Pelo menos 150 garimpeiros já foram retirados e diversos garimpos foram destruídos.Em Boa Vista, o esquema criminoso foi desarticulado, com a prisão de 26 pessoas, das quais 6 proprietários de balsas e motores utilizados na extração do ouro, 8 pilotos, 1 mecânico de aeronaves e empresários do ramo de joalheria. Três empresas foram autuadas por receptação. Doze veículos e 11 aeronaves foram apreendidas. O coordenador de Saúde da Hutukara Associação Ianomâmi, Dario Yanomami, busca informações para enviar equipes ao local do suposto massacre.

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