Uso de doleiros para levar dinheiro para fora era 'prática aceita'

Para advogado de offshore, era comum a sociedade dos anos 1990 recorrer a este tipo de intermediação

Por JERSEY
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Advogados da defesa de Paulo Maluf admitem que o ex-prefeito usou doleiros para enviar dinheiro ao exterior. Mas rejeitam a suspeita de que os recursos tenham vindo de verbas públicas. A defesa aponta que, no Brasil, "doleiros eram aceitos pela sociedade como uma maneira de enviar dinheiro ao exterior". E apelou ainda aos juízes para que "avaliem o caso sem emoção". Insiste, também, que, mesmo que tenha havido as transferências ao exterior e que haja indícios de fraude em São Paulo, não há provas de que o dinheiro da família Maluf saiu de cofres públicos.Um dos argumentos do advogado David Steenson, que representa a empresa Durant, cujo diretor foi Flávio Maluf, é de que as transações apresentadas não são necessariamente subornos e a prefeitura "fracassou" em provar isso. Ele não nega que as contas apresentadas poderiam ser de Maluf e de seu filho, Flávio. Mas Steenson optou por alegar que a conta Chanani, no Safra National Bank de Nova York, era apenas uma conta por onde doleiros, além de Flávio e Maluf, movimentariam seus ativos.Sem evidências. A defesa alegou que, apesar das provas, não há evidências de que as transações foram alimentadas por desvio de dinheiro. Em nenhum momento Steenson lembrou das tradicionais frases de Maluf, de que "não tem" contas no exterior (Veja quadro). Ao juiz, tentou provar que "os documentos não explicam nada. Nem de onde veio o dinheiro e nem para onde foi", disse. "Pode até existir algum tipo de fraude em São Paulo. Mas não há provas."Para concluir, Steenson insistiu que seu cliente não teve oportunidade de se defender, pois não pôde testar as testemunhas da prefeitura. "Eles (prefeitura) não fizeram nenhum esforço para trazer a Jersey as testemunhas. Fomos impedidos de direitos básicos." A prefeitura contra-atacou e questionou o motivo pelo qual Maluf não compareceu à corte para rebater as alegações. "Não trouxeram o sr. Maluf para a corte porque temem que seu argumento não se sustente diante de questões do nosso lado", disse o advogado Stephan Baker. / J.C.

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