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Unânime, Conselho de Ética abre cassação de Demóstenes

Início de processo no Senado teve apoio dos 15 membros do órgão; situação do parlamentar é delicada

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Por Redação
Atualização:

BRASÍLIA - Com 15 votos a favor, o Conselho de Ética e Decoro aprovou ontem a abertura de processo disciplinar contra o senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO). A aprovação da instauração da ação pela unanimidade dos integrantes do órgão é forte indicativo de que Demóstenes deverá ter o mandato cassado quando a ação chegar ao plenário. A ideia é fazer um rito sumário, mantendo o direito de defesa do senador, para que a eventual perda de mandato de Demóstenes seja julgada antes do início do recesso parlamentar, que começa no dia 18 de junho. Existe uma preocupação de que o processo não fique para o segundo semestre, quando o Senado ficará naturalmente esvaziado em virtude das eleições municipais de outubro. "Há unanimidade de pensamento. Quanto mais demorarmos nessa decisão, teremos um desgaste muito grande desta Casa. É como se o Senado estivesse sangrando", disse o presidente do Conselho de Ética, senador Antônio Carlos Valadares (PSB-SE). Em sua avaliação, a situação "é muito desagradável" para o Senado, principalmente porque se está julgando um senador que "considerávamos acima de qualquer suspeita". A pressão no Senado hoje para punir Demóstenes é tamanha que até o senador Mário Couto (PSDB-PA), que teria sido porta-voz do jogo do bicho no Pará, em 1988, segundo jornais paraenses, votou pela instauração do processo contra o senador. 'Por que não?'. O inusitado na sessão ficou por conta de sua defesa a favor da legalização do jogo do bicho. "Se corrida de cavalo é liberada no Brasil, por que outros jogos não são? A contravenção está aberta nas ruas", disse Couto, ao defender que o Senado deveria legislar sobre o assunto. Diante do placar pela instauração de processo por falta de decoro parlamentar, interlocutores de Demóstenes Torres revelaram que ele se sente vítima de "um massacre político". Demóstenes não apareceu ontem na sessão do conselho, apesar de ter marcado presença no painel do Senado. Ele teria passado o dia em Goiânia, segundo informou seu advogado, Antonio Carlos de Almeida Castro.O relator do processo no conselho, senador Humberto Costa (PT-PE), quer ouvir as testemunhas de defesa e acusação até o fim deste mês. A proposta é tentar concluir o processo no conselho até meados de junho.Se aprovado, o processo terá de passar pelo crivo da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), responsável pelo aval à lisura de toda ação. Só então seguirá para o plenário, onde a votação é secreta - ou seja, os senadores não revelam seu voto. Carlos Cachoeira. Amanhã, o Conselho de Ética pretende aprovar a ida do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, para depor. Ele foi arrolado tanto como testemunha de defesa como de acusação.A proposta é que ele deponha no dia 23 de maio, depois dos delegados da Polícia Federal e dos procuradores da República.

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