Um partido mais coeso, homogêneo e menos crítico

ANÁLISE: Caio Junqueira

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Por Redação
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A sombra dos dez anos da era petista no governo federal é o principal componente da morna eleição do PT que ocorre hoje. O grupo que comandou o partido desde sempre será mantido no comando. Ele tem no ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva e no ex-ministro José Dirceu seus maiores ídolos. Foi responsável por sua chegada e manutenção no poder desde 2003 e também pela sua maior crise, o escândalo do mensalão. Mas essa hegemonia agora terá um diferencial: uma oposição interna completamente esvaziada. A corrente Mensagem ao Partido, da qual fazem parte o governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro, e o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, tentou se estruturar como voz interna contrária à cúpula. No auge do escândalo, chegou a propor a refundação da sigla. Mas desde então só perdeu espaço e influência. Teve nesse processo grande parcela de culpa. O discurso que a diferenciava do antigo Campo Majoritário, permeado pela leitura crítica do escândalo do mensalão e pelos ataques à aliança preferencial com o PMDB, se esvaiu diante do pragmatismo eleitoral que dominou a legenda como um todo. Assim, o partido que sai hoje das urnas é mais coeso e homogêneo e, portanto, menos crítico. O tradicional embate entre as correntes internas foi superado, tanto quanto as diferenças entre essas correntes. A principal razão é que o PT que conduz o partido vislumbrou na sustentação do PT que governa o País o seu, se não único, principal fim. Para tanto, encontrou respaldo em uma militância inebriada pelos anos no poder, do qual usufrui com espaços muito bem distribuídos que colaboram para anular qualquer formação de massa crítica. Nesse sentido, só interessa ao partido o que interessa ao governo. É muito pragmático e pouco programático.

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