‘Tenho uma fresta de 21 segundos, e é por ela que eu vou passar’, afirma Marina Silva

Candidata da Rede minimiza tempo reduzido no horário eleitoral de TV e diz que mulheres não serão mais subestimadas

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Foto do author Gilberto Amendola
Por Marianna Holanda , Gilberto Amendola , Matheus Lara e Ana Beatriz Assam
Atualização:

Candidata pela terceira eleição seguida, Marina Silva (Rede) disse que, se deixarem, ela vai passar por uma “frestinha” e ser presidente. Ao participar da série Estadão-Faap Sabatinas com os Presidenciáveis, nesta terça-feira, 28, a candidata da Rede nas eleições 2018 lembrou do seu histórico de dificuldades, sempre passando pelo que chamou de frestas.

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Segundo ela, seu próximo desafio será a “frestinha de 21 segundos, pouco dinheiro”. Marina reforçou ainda o diálogo com seu principal eleitorado, as mulheres. “Eu nunca mais quero ver uma mulher sendo subestimada (...). Nós podemos e vamos transformar nosso País”, disse a candidata da Rede.

Pela pesquisa Ibope/Estado/TV Globo, ela aparece em segundo lugar na corrida ao Planalto (no cenário sem o ex-presidente Lula), com 12% das intenções de voto. A seguir, os principais trechos da conversa:

A presidenciável da Rede, Marina Silva, durante a sabatina; ela defendeu a adoção de reforma do Judiciário e o fim da reeleição para presidente Foto: Helvio Romero/Estadão

GOVERNABILIDADE

Marina disse que, em vez do presidencialismo de coalizão, o ideal seria ter “um presidencialismo de proposição”. “Eu e Eduardo (Jorge, seu vice na chapa) nos unimos pelo programa. Não é 100% o programa da Rede, nem do PV. É o que conseguimos mediar, de forma transparente. Meu problema não é governar, é ganhar. Se ganhar, vou governar com os melhores.”

MULHERES

Ao falar sobre esse tema, a candidata da Rede fez um relato do seu trajeto pessoal. “Tenho 60 anos de idade, me alfabetizei aos 16, enfrentei doenças, ajudei meu pai a criar sete irmãos, tanta coisa para chegar até aqui e as pessoas continuam falando que sou fraca, frágil. Estão sempre me subestimando, mas eu me submeto ao teste”, disse ela, para acrescentar que é “especialista em passar por frestas”. “Pela frestinha do Mobral. Estão me dando uma frestinha de 21 segundos, pouco dinheiro, andando em avião de carreira, acordando 4h30 da manhã e indo dormir todo dia depois de 1h da manhã. É por essa frestinha que eu vou passar”, disse Marina, numa referência ao seu tempo no horário eleitoral na TV e a sua estrutura de campanha. Em seguida, afirmou que, se for eleita, “não estarei de brincadeira, porque aqueles que eu estou enfrentando, eles podem muito, mas eu tenho compromisso. Eu nunca mais quero ver uma mulher sendo subestimada e sendo tratada como se não pensasse, como se não pudesse”.

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ABORTO

Marina voltou a dizer que é contra o aborto. “Ninguém advoga o aborto como método contraceptivo. Acontece em situações difíceis da vida de uma mulher em função de uma gravidez indesejada. Para o caso de risco de saúde da mãe, anencéfalos ou em caso de estupro, existem leis. Uma mulher que faz aborto não deve ir para a cadeia, deve ter assistência médica e psicológica.” Questionada, disse que, se for para ampliar o escopo da lei em vigor, “que seja por plebiscito".

ARMAS E DROGAS

Ela disse que não se resolve a violência distribuindo armas para a população. Segundo Marina, o Estado “tem o monopólio da força e não se pode transferir para o cidadão indefeso a possibilidade de defender sua família, sua empresa”. Ela também repetiu sua posição contra a proposta de descriminalização das drogas. “Em relação às drogas, sou contra também. Não faço a satanização de quem tem a posição contrária à minha. É preciso combater o tráfico de drogas, o tráfico de armas. A sociedade pode debater isso também em forma de plebiscito. Não é falta de posição, é assumir a posição de que a sociedade pode debater.”

JUDICIÁRIO

A candidata da Rede defendeu uma reforma do Judiciário. Citou, especificamente, os tribunais de contas, cujos cargos deveriam deixar de ser preenchidos por indicação política. “Aqueles que têm a função de investigar o Executivo e o Legislativo não podem ser indicações políticas para ficar transigindo com erros com os quais não se pode transigir”, disse ela. Questionada sobre mudanças também no STF, ela não detalhou sua proposta.

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REFORMAS

Marina propõe o fim da reeleição para presidente – que passaria a ter um mandato de cinco anos a partir de 2022 –, voto distrital misto e limite de dois mandatos para o Legislativo. Ela também diz que é necessário acabar com o instrumento do foro privilegiado. “Se Lula paga pelos erros que cometeu, por que não Aécio, Temer e Renan?” Outro ponto apresentado por ela foi a redução do número de ministérios e de cargos em comissão.

PREVIDÊNCIA

A reforma da Previdência é necessária, segunda Marina, “mas a forma como o governo a propôs foi muito mais para fazer populismo com o mercado do que aprovar”. “Temos de passar para um regime de capitalização e um regime de transição também para a idade mínima. Em relação às mulheres, elas devem se aposentar antes que os homens.”

TRABALHO

 Ao ser questionada sobre a reforma trabalhista, a presidenciável fala em rever “os pontos inaceitáveis”. “Precisamos mudar para ajudar, inclusive, os que estão na informalidade. Os empresários não reivindicam imposto sindical, mas têm o Sistema S. Vamos discutir também o Sistema S. Aí, a gente leva para um terreno equilibrado de combater privilégios e estabelecer uma nova regra.”

LULA

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Marina disse que o ex-presidente Lula cometeu “erros graves e está pagando”. “Justiça não é vingança, é reparação.”

AGRONEGÓCIO

A candidata da Rede afirmou que sua proposta passa por “integrar economia e ecologia, agronegócio e agricultura familiar”. “Muitos políticos trocam os recursos de milhares de anos por votos de uma eleição. São Paulo passa por uma crise hídrica e, se alguém continuar achando que vai liberar o desmatamento da Amazônia porque precisa ganhar voto dos setores mais atrasados do agronegócio brasileiro, não tem nem como nominar.

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