
11 de fevereiro de 2012 | 03h07
Enquanto PT e PSDB travam novo embate político sobre o tema das privatizações, o vice-presidente da República, Michel Temer (PMDB), afirmou ontem que a diferença de modelos aplicados nas gestões de tucanos e petistas no governo federal não tem "muito significado" e endossou a tese do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso, de que esse assunto não pode ser misturado a ideologias.
"No Brasil, nós temos a mania de ideologizar temas que não podem ser ideologizados. É preciso verificar o que é melhor para o Brasil, de uma ou de outra forma", disse o peemedebista, ao participar, na capital paulista, do anúncio de apoio do PSC à pré-candidatura do deputado federal Gabriel Chalita (PMDB-SP) à Prefeitura de São Paulo.
Temer reconheceu que há uma leve diferença entre concessão e privatização - o argumento utilizado pelo PT para se contrapor ao PSDB -, mas minimizou a relevância deste debate.
"O que importa é que o resultado seja bom, através de concessão ou entrega definitiva para a iniciativa privada. É isso o que temos de fazer", reiterou o vice-presidente.
O embate entre os dois partidos esquentou após Fernando Henrique Cardoso ter divulgado mensagem em vídeo, na quarta-feira, em que defendeu o seu legado e as privatizações feitas por sua gestão - inclusive mostrando que o modelo utilizado nas concessões dos aeroportos, implementado pelo governo da presidente Dilma Rousseff, foi o mesmo de sua administração.
Portanto, na avaliação do ex-presidente tucano, os leilões dos aeroportos de Guarulhos, Viracopos e Brasília "desmistificam o demônio privatista".
A cúpula do PT divulgou na quinta-feira versão preliminar de resolução política do diretório nacional na qual discorda da declaração de FHC. O tema da privatização foi explorado pelo partido nas duas últimas eleições presidenciais.
O presidente do PT, Rui Falcão, disse anteontem que o partido não confunde concessão com "privataria tucana", referindo-se às privatizações na Era FHC.
Entusiasta. O vice-presidente Michel Temer reafirmou ontem que o PMDB terá candidatura própria na disputa municipal, ainda que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva seja entusiasta de uma aliança entre PT e PMDB em torno do pré-candidato Fernando Haddad (PT).
"Eu tenho dito ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva que o ideal é que a base aliada nacional tenha, na verdade, dois candidatos", afirmou.
"E se for para o segundo turno, naturalmente poderá haver uma composição. Essa é a tendência natural." Com apoio do PSC, o PMDB deve ganhar mais 40 segundos em cada programa eleitoral de televisão.
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