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STF forma maioria para manter proibidas as doações ocultas

Nove dos 11 ministros votaram a favor do detalhamento dos doadores na prestação de contas de partidos e candidatos

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Foto do author Amanda Pupo
Por Amanda Pupo (Broadcast) e Teo Cury
Atualização:
Sessão do Supremo presidida pela ministra Cármen Lúcia nesta quarta-feira, 21, em Brasília. Foto: André Dusek/Estadão

BRASÍLIA - O Supremo Tribunal Federal (STF) formou nesta quarta-feira, 21, maioria para manter proibidas as doações ocultas na prestação de contas de candidatos e partidos. Após nove dos 11 ministros votarem contra, o julgamento foi interrompido pela presidente da Corte, ministra Carmén Lúcia.

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Votaram pela proibição Alexandre de Moraes, Dias Toffoli, Ricardo Lewandowski, Luiz Fux, Rosa Weber, Luís Roberto Barroso, Edson Fachin, Gilmar Mendes e Marco Aurélio Mello, formando nove votos unânimes contra a doação oculta. A sessão será retomada nesta quinta-feira com os votos de Cármen e do decano Celso de Mello.

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A posição do Supremo se deu em resposta a uma ação da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), contra trecho da minirreforma eleitoral de 2015 que havia permitido que doações ocorressem sem a individualização de quem repassou o valor. 

A primeira análise desta ação aconteceu em novembro de 2015, quando o plenário do STF atendeu o pedido da OAB de forma cautelar. Por isso, nas eleições de 2016 já foi proibida a não individualização dos doadores, em que não é possível identificar o vínculo entre doadores e candidatos.

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Relator da ação, o ministro Alexandre de Moraes afirmou durante seu voto que as normas que regem a transparência e a responsabilidade política não permitem essa prática. “Não é possível que se amplie a atuação invisível desses atores, conhecidos como grupos de pressão. Eles não podem ficar sem fiscalização”, disse.

De acordo com a OAB, a regra retira do eleitor o direito de conhecer informações indispensáveis para a “formação de sua convicção” e restringe o controle dos órgãos competentes, como a Justiça, o Ministério Público e a Polícia Federal.

Ministro do STF e também presidente do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), Luiz Fux destacou que a Corte Eleitoral já prevê a individualização das doações, e que esse reconhecimento faz “cair por terra qualquer argumento de sua impossibilidade prática”.

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 “O que se tenta a rigor é tentativa obtusa de burlar uma regra de transparência que deve presidir o sistema de prestação de contas”, completou Fux.

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Para o ministro Ricardo Lewandowski, anonimato e sigilo são práticas “incompatíveis” com os princípios democráticos e republicanos.

A procuradora-geral da República, Raquel Dodge, se manifestou pela derrubada da norma de 2015 e afirmou que a posição do STF dará segurança jurídica às declarações de campanhas deste ano. 

“É preciso que a democracia seja exercida por meio do voto informado, quem apoia cada um dos candidatos no pleito eleitoral”, afirmou a procuradora.

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