
18 de maio de 2012 | 03h06
Desprevenida para a maior mobilização popular na cidade desde as Diretas Já, a tropa da PM chega tarde, quando a massa compacta já é impenetrável, mas pacífica, e só lhe resta protegê-la de eventuais provocadores da direita. O coro épico da multidão na Praça dos Três Poderes estremece toda a Esplanada. "Dirceu guerreiro/do povo brasileiro".
Cada vez mais convencida da inocência de Dirceu, a militância digital trabalha dia e noite, seguindo os comandos dos blogueiros progressistas, denunciando a farsa e divulgando ameaças de revolta popular e de greve geral, apoiadas por lideranças sindicais e pelos movimentos sociais, pressionando o Supremo e a opinião pública. Em São Paulo, uma multidão apedreja os escritórios da revista Veja gritando vivas a Dirceu e à democratização da mídia. Batalhões policiais designados para reprimi-los aderem aos manifestantes, baixando as armas e recebendo flores dos militantes.
Em um vídeo divulgado nos sites progressistas, Dirceu conclama a população a boicotar por três minutos o Jornal Nacional, em protesto contra a conspiração golpista da direita. A medição instantânea do Ibope registra a queda de mais de 50% na audiência da TV Globo. No Supremo Tribunal Federal, na última hora, o ministro Dias Toffoli muda o seu voto e absolve Dirceu, a multidão explode em júbilo na praça, e o guerreiro acorda assustado numa cela da Papuda.
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