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Senador propôs renúncia em troca de absolvição

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Por Redação
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Bastidores: João DomingosO senador Demóstenes Torres (ex-DEM, sem partido-GO) tentou uma última aposta para assegurar seus direitos políticos e, assim, ter a chance de se candidatar em eleições futuras. Pessoalmente ou por intermédio de emissários, ele procurou nas últimas semanas algumas figuras-chave do Senado, como o presidente da Casa, José Sarney (PMDB-AP); o líder do PMDB, Renan Calheiros (AL), e o ex-governador Aécio Neves (PSDB-MG), para oferecer a própria cabeça em troca da absolvição. Sem a presença de Demóstenes, o Conselho de Ética votou ontem, por unanimidade (15 votos a zero), a favor do relatório do senador Humberto Costa (PT-PE), que pediu a cassação do mandato do colega senador. Nos bastidores da Casa, a fórmula apresentada aos interlocutores foi esta: o senador se licenciaria cargo por 120 dias e depois renunciaria ao mandato, desde que os senadores que têm lideranças sobre os colegas não trabalhassem pela cassação. Enquanto isso, Demóstenes os procuraria, um a um, para dizer que não tem mais condição de permanecer no Senado. E pediria a absolvição no plenário, onde a votação é secreta. Se absolvido, garantiria seus direitos políticos e depois renunciaria. Demóstenes fez chegar aos senadores uma sensação de arrependimento, de que fora enganado pelo contraventor Carlinhos Cachoeira. Com isso, achava que poderia convencer a Casa de que mereceria o perdão, com a garantia da renúncia ao mandato - a perda dos direitos políticos só ocorre quando há a cassação ou renúncia quando o processo já está aberto. Demóstenes já contava com a decisão do Conselho pela cassação, que decidiu esse capítulo na noite de ontem, mas lutará, agora, pela absolvição em plenário, podendo garantir os direitos políticos. A negociação deu errado porque houve resistências. Aécio Neves teria dito sonoro não a Demóstenes, sob o argumento de que se sentiu traído. Em maio de 2011, Demóstenes pediu a Aécio que indicasse Mônica Beatriz Silva Vieira, prima do contraventor, para o cargo de diretora regional da Secretaria de Assistência Social em Uberaba. Aécio atendeu ao pedido e Mônica foi nomeada. Conforme as informações de senadores, Demóstenes chegou a ir a São Paulo atrás de Sarney, quando ele estava internado no Hospital Sírio-Libanês. Mas Sarney não o recebeu. Demóstenes teria feito a viagem de carro, por ter receio de passar pelo constrangimento de tomar um avião e ser reconhecido. No período em que planejou oferecer o pescoço em troca dos direitos políticos, Demóstenes passou por períodos de depressão, segundo alguns senadores. Tomou remédios, teve dificuldades para dormir e costumava entoar versos da canção Tudo passará, de Nelson Ned. O advogado de Demóstenes, Antônio Carlos de Almeida Prado, o Kakay, disse que as informações que circulam no Senado, de que seu cliente ofereceu a renúncia em troca dos direitos políticos, não correspondem à verdade. "Isso nunca ocorreu. Seria contraditório, porque a luta do senador é para assegurar a manutenção de seu mandato no julgamento pelo plenário do Senado."

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