12 de maio de 2013 | 02h07
A insistente crítica da base aliada à incapacidade de articulação do governo com o Congresso, se faz acompanhar com frequência crescente de comparação com a fase do ex-presidente no poder.
Tal nostalgia revela, antes de tudo, o esgotamento de um modelo que o senador Aécio Neves chamou de "governismo de cooptação", sintetizado numa base de sustentação obesa, de apetite fisiológico insaciável, sem a contrapartida do apoio aos projetos realmente substantivos como as reformas estruturais tentadas pelo Planalto.
O estresse nas relações da presidente com sua base abre caminho para um clima favorável à candidatura do ex-presidente, cuja desenvoltura e desapreço pela liturgia institucional o tornam cada vez mais ativo na cena política, sugerindo que o movimento tem seu estímulo. Mais que isso, é voz corrente, mesmo na oposição, que a situação só não é pior graças a suas intervenções junto à presidente, que aparentam submissão a um monitoramento permanente de suas ações.
Dando-se credibilidade à tese, sua consequência mais imediata seria o recuo do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, a quem se atribui a afirmação de que só a candidatura de Lula provocaria o fim da sua própria. Os principais líderes do PSB negam essa possibilidade, embora creditem ao ex-presidente a permanência do partido na estrutura do governo, que por Dilma já teria acabado.
Entre os muitos erros políticos apontados pelos críticos da presidente está justamente o tratamento hostil dispensado a Campos, que desconsidera o cenário de um segundo turno com o apoio do governador. A ruptura agora, com a retirada dos cargos do PSB, inviabilizaria um acordo futuro na hipótese bastante provável de Aécio Neves chegar ao segundo turno à frente do PSB.
Um acordo com o tucano torna mais difícil também a candidatura de Campos em 2018, pois projeta a reeleição de Aécio, se mantida a tendência de dois mandatos para cada presidente verificada nos últimos 16 anos. Já na hipótese de reeleição de Dilma, o caminho estaria aberto a todos, o que indica a conveniência do governador em se aliar ao PT, uma vez fora da disputa.
Por ora, Campos trabalha para alcançar pelo menos 12% das intenções de voto nas pesquisas até outubro, quando planeja comunicar formalmente a Dilma sua candidatura e desembarque do governo. A candidatura de Lula é hipótese admitida, mas tema evitado.
Sem altar
O ministro da Integração, Fernando Bezerra, já está fora dos planos do governador Eduardo Campos, para quem ele vacila ante a tentativa do governo de cooptá-lo. Um líder do partido ironiza: "Ele pensa que é a noiva, mas eles querem é o altar".
Em baixa
Lula prefere o prefeito de São Bernardo, Luiz Marinho, ao ministro da Saúde, Alexandre Padilha, para o governo de São Paulo. Teme a péssima avaliação da saúde.
De acordo
A oposição pensa a mesma coisa. "Preferimos o Padilha. A saúde é mal avaliada", diz o líder do PSDB, senador Aloysio Nunes.
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