Segundo colocado nas pesquisas, Freixo desiste de concorrer à prefeitura do Rio

Além da dificuldade de formar uma aliança que unisse a esquerda, deputado avalia que tem adquirido importância na oposição ao bolsonarismo em Brasília

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Por Caio Sartori
Atualização:

RIO - Principal nome da esquerda carioca, o deputado federal Marcelo Freixo (PSOL-RJ) desistiu de concorrer à prefeitura do Rio de Janeiro neste ano. Seria a terceira tentativa do psolista, que ficou em segundo lugar em 2012, quando o então prefeito Eduardo Paes foi reeleito em primeiro turno, e em 2016, ano em que foi derrotado por Marcelo Crivella no segundo turno. 

Marcelo Freixo, do PSOL Foto: Fábio Motta|Estadão

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Na pesquisa Datafolha de dezembro do ano passado, Freixo aparece em segundo lugar, com 18% das intenções de voto, atrás apenas de Paes, que tem 22%. Resultados parecidos são observados em avaliações internas feitas por partidos. 

A dificuldade de formar uma aliança ampla de esquerda em torno de si já vinha há meses desgastando Freixo, que costuma apontar a necessidade de os progressistas caminharem juntos nas eleições municipais como uma espécie de laboratório para o pleito de 2022. Até o momento, o PT tinha sido o único partido a sinalizar com mais firmeza a essa ideia. 

Partidos como o PDT e o PSB, por exemplo, tidos como importantes para compor uma aliança que olhasse mais para o centro, dificultavam as articulações.

Até dentro do próprio PSOL, por motivos opostos, havia resistência de alas mais radicais à aproximação com outros partidos. Chegaram a criticar o fato de Freixo se colocar como o nome definitivo da legenda e a propor a realização de prévias internas.

A informação sobre a desistência foi noticiada pelo jornal O Globo na tarde desta sexta-feira, 15, e confirmada pelo Estadão. O vereador carioca Tarcísio Motta, um dos principais aliados do deputado, disse que a decisão ainda não é definitiva e que “espera que não se concretize”. 

Além da dificuldade de unir a esquerda, Freixo tem avaliado que é uma figura importante em Brasília no combate ao governo de Jair Bolsonaro. Trata-se do primeiro mandato dele na Câmara dos Deputados, depois de 12 anos de protagonismo como oposição na Assembleia Legislativa do Rio (Alerj) durante governos do MDB

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Essa oposição quase solitária ao MDB no Rio, inclusive no âmbito municipal, o colocou na posição de maior nome da esquerda na cidade, já que partidos como PT, PCdoB, PDT e PSB compuseram os governos emedebistas. Os petistas, inclusive, chegaram a ter o vice-prefeito durante a gestão de Eduardo Paes. 

Por falar em Paes, o ex-prefeito - hoje no DEM - pode ser o principal beneficiado pela ausência de um nome forte da esquerda. Isso porque a campanha de reeleição do impopular Marcelo Crivella (Republicanos), rejeitado por 72% da população, pretendia ideologizar e polarizar ao máximo com o psolista - com quem teria, em tese, um embate mais fácil num segundo turno. 

No mês passado, Crivella chegou a filiar a seu partido dois filhos - Carlos e Flávio - e uma ex-mulher de Bolsonaro, Rogéria, como parte desse projeto de aproximação com a família. O Republicanos vai servir como abrigo temporário aos entusiastas do Aliança Pelo Brasil, partido que o clã Bolsonaro pretende criar.

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