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Se eleito prefeito de SP, Levy Fidelix promete tapar rios Tietê e Pinheiros

Presidente do PRTB manterá candidatura à Prefeitura de SP mesmo após suspeitas de envolvimento com Cachoeira

Por Ricardo Chapola
Atualização:

SÃO PAULO - As investigações em torno do contraventor Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, tiveram o poder de não só revelar sua rede de influência política, mas também de transformar a folclórica figura de Levy Fidelix, o "homem do aerotrem", em alvo de investigação. O presidente do PRTB é mencionado em conversas grampeadas pela Polícia Federal entre Cachoeira e seus interlocutores, em que negociam a compra do partido. Levy se defendeu ao dizer que não conhece o contraventor e acusou a denúncia como uma tentativa de derrubar sua candidatura nas eleições municipais deste ano.Apesar disso, o "homem do aerotrem" - como o próprio Levy Fidelix se autointitula no site do PRTB - virá para a disputa à Prefeitura de São Paulo honrando a alcunha: defenderá a proposta do trem ultramoderno conhecida de antigas campanhas, só que agora expandida para as marginais Tietê e Pinheiros. Como? Tapando os rios. "Eu não sou carreirista. Sou criativo. Um visionário", disse.A ideia de Levy Fidelix seria de aproveitar melhor o espaço ocupado pelos rios mortos, levantando sobre eles as estruturas de sustentação do aerotrem, como uma espinha dorsal da cidade. "A revitalização é muito cara e não dá resultados. Então é uma chance de termos mais pistas para carros circularem, com o aerotrem pelo meio. De Congonhas a Cumbica sobre o Tietê-Pinheiros, sem desapropriar nada", projetou. Segundo ele, seriam obras economicamente viáveis e também de fácil fiscalização.Dor de cotovelo. No fim de março, o governador Geraldo Alckmin (PSDB) aprovou as obras da linha 17-ouro, operada por meio de monotrilho, um sistema mais leve que o metrô convencional e que fará ligação do aeroporto de Congonhas ao estádio do Morumbi (zona oeste de SP). Para Levy Fidelix, o sistema não só lembra, como é o próprio aerotrem, com um nome diferente. Por isso, cobrou créditos ao governador e classificou a atitude como "dor de cotovelo". "Alckmin colocou na prática o que venho defendendo", argumentou. "O nome aerotrem é conceitual, você pode falar monotrilho também".Outros políticos também foram apontados por Fidelix pelo mesmo problema: o ex-governador e falecido Mário Covas em função do rodoanel, e também o prefeito Gilberto Kassab (PSD), pela nova lei de trânsito para caminhões nas marginais e do seguro enchente, segundo o candidato, proposta de sua autoria de 15 anos atrás, mas batizada como seguro calamidade. "É necessário que a prefeitura faça as coisas. Não é só copiar a minha ideia, que é o que o Kassab faz".Independência. Se questionado a respeito de se aliar ao PT e assim abrir mão da candidatura, Levy Fidelix logo a dispensa, considerando que, sendo fundador e presidente do PRTB, tem obrigação de disputar todos os pleitos possíveis. Negou apoio ao pré-candidato petista, o ex-ministro Fernando Haddad, embora tenha lembrado que faça parte da base do governo. "Me perguntam: 'é verdade que você vai apoiar o Haddad'? Jamais. Além de não apoiá-lo, eu sou candidato. Já confirmei a minha candidatura duas vezes. Minha vocação é sempre disputar, como fundador e presidente do PRTB", garantiu.Nem mesmo para o segundo turno Levy Fidelix se vê coligado a nenhum dos seus adversários, já que diz, com convicção, que, se houver a outra etapa, ele estará ainda na disputa. O candidato baseia o seu discurso na última pesquisa Datafolha, divulgada em março, que o apontou com 54% de popularidade, acima do pré-candidato do PMDB, Gabriel Chalita, com 52%, e de Haddad, com índice de 41%."O Haddad e o Chalita são da mesma área, da Educação. São Paulo não precisa de educador, precisa de gestor. Um vai eliminar o outro", avaliou Fidelix.Quanto ao pré-candidato do PSDB, o ex-governador José Serra, Levy Fidelix destacou a rejeição do tucano, ao afirmar que a população já está cansada. "É o 'if' ('se', em inglês): ele começa e não termina. Tem altíssima rejeição", criticou. Na pesquisa Datafolha, Serra aparece com 30% de rejeição, dividindo a liderança no quesito com o pré-candidato do PCdoB, o vereador Netinho de Paula, com 40%.Nas eleições deste ano, Levy Fidelix somará mais uma disputa eleitoral para sua coleção de 12 pleitos, sem se preocupar com as derrotas. "Vai chegar um momento que a opção vai ser Levy Fidelix". Sua última candidatura ocorreu em 2010, quando postulou ao cargo da Presidência da República.

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