RS contrata pesquisa sobre 'imparcialidade' de jornal

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Por Lucas Azevedo e PORTO ALEGRE
Atualização:

O Ministério Público de Contas do Rio Grande do Sul encaminhou representação ao Tribunal de Contas do Estado questionando a contratação pelo governo Tarso Genro (PT) de uma pesquisa que perguntou a 2.400 entrevistados sobre a "imparcialidade" do jornal Zero Hora, do Grupo RBS. A pesquisa, realizada em abril deste ano, foi encomendada à empresa Foco Opinião e Mercado Ltda., de Santa Catarina, pela Secretaria da Comunicação e da Inclusão Digital. O trabalho custou R$ 400 mil aos cofres públicos. O ofício do MP de Contas, assinado pelo procurador-geral, Geraldo Da Camino, foi protocolado na terça-feira passada. Sobre a pergunta "O jornal Zero Hora faz uma cobertura imparcial dos assuntos do Governo do Estado?", Da Camino argumenta em seu despacho que "não se depreende qual a finalidade e o interesse público, em possível desatendimento às disposições constitucionais na realização dos gastos".Ele afirma também que "dentre os itens pesquisados alguns contemplam aspectos que tornam questionável sua inclusão na pesquisa", como, por exemplo, uma indagação que buscou comparar a atual administração com a anterior, de Yeda Crusius (PSDB). O ofício será analisado por uma equipe técnica do TCE, que vai verificar se a contratação do levantamento ocorreu dentro da lei e se o conteúdo das perguntas atende aos princípios da moralidade e da impessoalidade."O uso de dinheiro público para aferir em pesquisa a cobertura de veículos privados é no mínimo estranho, especialmente porque o governo buscou aprofundar a percepção apenas sobre um veículo, no caso, Zero Hora. Mas não surpreende que a pesquisa, realizada em abril, tenha apontado que o público em sua maioria considera Zero Hora um jornal imparcial", afirmou Marcelo Rech, diretor executivo de Jornalismo do Grupo RBS.A Secretaria de Comunicação do governo gaúcho disse que não havia sido notificada e que só irá se manifestar após avaliar o conteúdo da representação.

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