Rosário passa Manuela e enfrenta Fogaça em Porto Alegre

Em disputa emocionante, petista bate candidata do PC do B e vai ao segundo turno com peemedebista

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Por Sandra Hahn , da Agência Estado , e Elder Ogliari e d
Atualização:

Numa disputa emocionante para saber quem seria a adversária do prefeito licenciado de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), no segundo turno dessas eleições, a capital gaúcha ficou em suspense na última semana, com o empate técnico entre as candidatas Maria do Rosário (PT), de 41 anos, e Manuela D'Ávila (PC do B), de 27. A tensão durou até este domingo, com a chegada da candidata do PT à segunda etapa da campanha municipal, atropelando o fenômeno Manuela, que havia se distanciado dos concorrentes nas últimas semanas. Com 100% dos votos apurados, Rosário obteve 22,73% dos votos e Fogaça 43,85%. Já Manuela ficou com 15,35% dos votos.   Quando as urnas foram abertas, os petistas reunidos na sede municipal do partido comemoraram, expondo expressões de alívio no rosto e, ao mesmo tempo, convicção de que a eleição ainda é difícil. Pela primeira vez desde 1992 o PT não largou como favorito e nem foi o primeiro colocado no primeiro turno. Veja também: Em discurso, Fogaça afaga ex-aliados para tê-los no 2º turno Perfil dos candidatos de Porto Alegre Cassel diz que Lula apoiará Rosário em eventual 2º turno Galeria de fotos das eleições no Brasil  Cobertura completa das eleições 2008  Eu prometo: Veja as promessas de campanha dos candidatos Na fase decisiva da campanha, Fogaça vai repetir a estratégia de mostrar o que fez, explicar que encontrou as finanças desajustadas e, depois de arrumá-las, retomou projetos, muitos dos quais deixados pelo próprio PT, propondo que agora é hora de acelerá-los. "A campanha (do primeiro turno) serviu para mostrar à população que as obras que ela via na cidade não estavam desvinculadas e fazem parte de um mesmo projeto", ressaltou o prefeito. "Foi a compreensão disso, pelas pessoas, que fez nossa aprovação aumentar", avaliou, referindo ao crescimento de seus índices nas pesquisas. Pelo Ibope, Fogaça tinha 29% das intenções de voto nos dias 8 a 10 de julho e chegou a 38% em 2 e 3 de outubro. Maria do Rosário, por sua vez, já indicou que vai tentar mostrar o que seria uma letargia da prefeitura para tocar projetos que o PT deixou prontos, entre os quais o Programa Sócio-Ambiental, que prevê elevar o índice de tratamento de esgoto dos atuais 27% para 70%, e também para buscar recursos do governo federal para a cidade LulaA candidata promete vincular a cidade ao projeto nacional do presidente Luiz Inácio Lula da Silva e espera contar com o presidente Luiz Inácio Lula da Silva em seu palanque. O ministro da Justiça, Tarso Genro, defendeu a participação do presidente na campanha de Porto Alegre. Lembrou, para isso, que Maria do Rosário sempre esteve com o governo federal "nas horas duras". Também considerou Fogaça (PMDB) como um "novato" no PMDB, lembrando que, há pouco tempo, Fogaça pertencia ao PPS, um "duríssimo" e "legítimo" adversário do governo federal. Fogaça espera que Lula não se deixe convencer pelos petistas gaúchos. O prefeito lembra que os partidos de sua coligação estão na base de apoio ao governo federal. "A expectativa é que o presidente, que é um estadista, se comporte como um estadista", sugere. "O estadista não é neutro, mas tem que ser equânime". Líder do PMDB no Rio Grande do Sul, o senador Pedro Simon não acredita na participação de Lula na campanha de Maria do Rosário. "O segundo turno vai ser muito radicalizado e a vinda dele aqui pode dar um tom exagerado de paixão", prevê. "Imagine você ele vir aqui no segundo turno e perder, ele está sujeito a antecipadamente decretar a derrota do candidato dele à presidência da República dois anos depois", advertiu. Apoios Ao contrário de 2004, quando era candidato do PPS, com apoio do PTB, e tinha adesões a garimpar no PMDB, PP, PDT, PSDB e DEM, que conseguiu, desta vez Fogaça não tem um grande leque de aliados a buscar. O PPS, seu antigo partido, mostra-se reticente. "Não é tão simples assim, ficou muito ressentimento com a saída dele depois de ter sido eleito pelo partido", diz o presidente da sigla, Paulo Odone. Mas o acordo é provável. Maria do Rosário diz que não quer o apoio do PPS, a quem considera um partido "privatista" por ter entre seus filiados integrantes do governo de Antônio Britto (1995 a 1998). O apoio do PSDB e do DEM ao prefeito soa natural, mas os tucanos fizeram votação irrisória e os democratas centraram as críticas em Fogaça no primeiro turno. Em tese, o PT tem mais chances de conquistar o apoio do PC do B de Manuela D'Ávila e do PSB, que já fizeram parte da Frente Popular em eleições passadas. Além disso, conta com a base do PSOL, que rejeita a aliança mais à direita de Fogaça. "Vou conversar com todos os que estão na base do presidente", anunciou Maria do Rosário, logo que soube de sua classificação, revelando que vai telefonar para Manuela e que gostaria da adesão de Luciana Genro. A candidata do PSOL, no entanto, liberou a militância para votar em quem quiser no mesmo instante em que reconheceu a derrota. Se não tem condições de ampliar sua coligação para um número tão grande de siglas como em 2004, Fogaça está num partido maior e parte de uma base de votos maior. Naquele ano, desafiou a hegemonia do PT saindo de 28,34% dos votos no primeiro turno, contra Raul Pont, que havia feito 37,62% dos votos, e chegou ao final do segundo turno com 51,24% dos votos válidos. Desafios Quase todos os principais candidatos tinham um desafio particular neste pleito. A Fogaça coube o de tentar vencer uma difundida idéia de que o gaúcho resiste à reeleição. A Rosário, o de assegurar lugar no segundo turno, evitando uma derrota antecipada numa cidade que projetou a legenda nacionalmente. Manuela precisava contornar resistências à sua juventude, enquanto Onyx Lorenzoni (DEM), que disputou o cargo pela terceira vez (duas anteriores pelo então PFL), buscava ganhar terreno numa cidade em que a sigla não tem bom desempenho. Vereador Em Porto Alegre, o vereador mais votado foi Maurício Dziedricki, do PTB, com 15.454 votos, ou 2,04% do total. Pedro Ruas, do PSOL, aparece em segundo (1,79%), seguido do peemedebista Sebastião Melo (1,43%).