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Resgate de FHC por Aécio leva 'conteúdo' à disputa, diz Tarso

Governador gaúcho afirma que referência à gestão do ex-presidente ‘coloca o debate nacional nos seus devidos termos

Por Daiene Cardoso e BRASÍLIA
Atualização:

O governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), afirmou ontem que a disputa presidencial de 2014 terá "mais conteúdo" depois que o senador Aécio Neves (PSDB-MG) passou a defender o legado do ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Na convenção tucana de sábado, que elegeu o mineiro como presidente nacional do PSDB, Aécio defendeu, em seu discurso de posse, as privatizações feitas durante a gestão FHC e disse que elas "tão bem fizeram ao Brasil".Ontem, pelo Twitter, Tarso Genro destacou a deferência do senador ao ex-presidente. "Aécio Neves colocando FHC como referência programática coloca o debate nacional nos seus devidos termos: a disputa terá mais conteúdo", postou.O governador gaúcho integra uma corrente minoritária dentro do partido e com alguma frequência diverge das posturas adotadas pela tendência majoritária do PT, da qual fazem parte o ex-presidente Lula e o ex-ministro José Dirceu.Tarso foi presidente interino do PT quando Dirceu e o hoje deputado José Genoino, que à época comandava o partido, foram abatidos pelo escândalo do mensalão. À época, o governador defendeu que o partido fosse "refundado".No fim do ano passado, ele disse que o PT deveria "esgotar a agenda de solidariedade" com os condenados no mensalão e deixar o episódio de compra de votos "para a história".A tônica dos demais petistas que se manifestaram ontem em relação ao resgate de FHC por Aécio foi diferente. O deputado Paulo Teixeira (PT-SP) considerou a manifestação tardia. "Ele agora tenta ressuscitar um governo do qual o povo brasileiro já se esqueceu", afirmou. "O senador tem pouco a dizer ao Brasil e demonstra um discurso que não mobiliza o País."O secretário de Comunicação do PT, Paulo Frateschi, afirmou que Aécio "tinha de consultar mais o povo" e o criticou por abordar temas menos palpáveis para o eleitor. "Ele não pode falar coisas tão fora da realidade, fora da vida das pessoas. Quem sabe viajando agora pelo País ele aprende um pouco."A Polícia Federal vai investigar a onda de boatos que percorreu pelo menos dez Estados do País sobre o falso encerramento do Bolsa Família. Desde sábado, o rumor de que o programa de transferência de renda seria finalizado levou milhares de beneficiários à Caixa Econômica Federal para sacar o valor deste mês. O tumulto, que em alguns casos terminou em depredação de terminais de autoatendimento, levou o governo federal a desmentir ontem os boatos e garantir a continuidade do programa.A ministra do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, Tereza Campello, negou a possibilidade de suspensão dos benefícios e garantiu que o calendário de pagamentos continua em vigor. "Não existe qualquer motivo, seja operacional ou de alteração de política, que justifique a população ficar preocupada e se dirigir às agências bancárias", afirmou. A ministra orientou as famílias a continuar seguindo as datas estabelecidas no calendário anual do programa.Apesar de dizer que a presidente Dilma Rousseff está monitorando o assunto e que o Bolsa Família é um dos principais programas do Executivo, Campello acredita que os boatos não afetam a imagem do governo. "Essa atitude prejudica a população, não o governo."Polícia. Questionada sobre se a origem dos boatos poderia ter motivação política, Campello disse que "não adianta tentar antecipar" e que o ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, informou que a PF já iniciou investigação sobre a prática de crime no episódio.Levantamento parcial da Caixa, informado pelo Ministério do Desenvolvimento Social e Combate à Fome, contabilizou problemas em 9 agências de Alagoas; 15 da Bahia; 14 de Pernambuco; 18 da Paraíba; 34 do Ceará; 8 do Piauí e 13 do Maranhão, além de ocorrências em agências no Rio Grande do Norte, Sergipe e Rio de Janeiro."Esperamos que tenha sido um mal entendido. Eu não consigo entender o que alguém ganharia divulgando esse tipo de informação", disse a ministra, que afirmou estar garantido o orçamento do programa para 2013, no valor de R$ 24 bilhões.

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